terça-feira, 25 de novembro de 2008

O PINGO NA CAVERNA

Os dias passavam, as gerações se sucediam, os nativos da grande aldeia mantinham a crença de que um dia a voz da caverna se manifestaria trazendo a revelação do mensageiro do novo mundo. De tempo em tempo um jovem era escolhido pelos anciões para passar um período no interior da caverna sagrada.
E como é comum dentro universo lendológico, a existência de varias narrativas que envolvem esse e outros espaços simbólicos ancestrais do imaginante nativo. E por mais absurdas que possam parecer, essas narrativas são aceitas, desde que estejam inseridas no movimento conhecido como lendológico de alguma maneira. Embora sejam comum os lendologos usarem método classificatório para ordenar essas composições. O que na verdade distorce a postura primordial dos personificadores lendarista. Sabemos que ao expor uma narrativa, o narrador faz uma escolha, uma seleção ao optar por uma peça para narrada.
A peça que segue abaixo esta inserida nessa disposição seletiva do narrador LENDOLÓGICO.

“... Os anciões resistiam em mandar o jovem líder para a caverna, achavam que o jovem artista sonhador não seria capaz de ouvir a voz reveladora da caverna. Mas era tradição que todos os jovens passassem por essa experiência, e assim, mesmo com relutância da maioria dos anciões, o jovem líder foi encaminhado para passa o seu período sagrado no interior da caverna. Contam que lá chegando, o jovem ficou em silêncio o dia todo e a noite quando já estava quase adormecendo, ouviu um pequeno estalo que foi se intensificando tudo em sua volta foi mudando até arrebata-lo e ele ouviu o seguinte dialogo:
- O que pensas que estais fazendo criaturinha insignificante?... Por acaso pensavas em me parti ao meio?... – E em seguida ouviu a voz sólida soltando uma gostosa gargalhada.
- Os teus pedidos de ajuda foram atendidos, vim aqui mudar a tua realidade, como tanto desejas.
- Você criaturinha? Não me faça ri! – E a voz sólida deu outra gostosa gargalhada que ecoou pela caverna.
- Você não me conhece. Eu sou mais forte do que imaginas.
- Não seja ridícula.
- Tu não conheces o meu tamanho, não sabe do que sou capaz e nem da força que tenho.
- Não me faça ri. Coisinha mole e insignificante?
- Vai precisar de um pouco de paciência para me conhecer.
- Não me diga!
- Eu conheço todas as histórias, já passei por tudo que existe, e convencê-lo do que sou capaz. Eu tenho a palavra perdida.

A voz rochosa nada respondeu. Curioso o jovem ficou ali, passado o tempo ouviu novamente um estalo e tudo se repetiu e começou novamente aquela conversa estranha. E assim foi se repetindo, até que um dia tudo cessou e o jovem voltou pra aldeia.
E como era de costume todos se reuniram para ouvi-lo com grande expectativa, pois nunca um jovem tinha demorado tanto tempo dentro da caverna sagrada. E perguntaram a ele, o que tinha acontecido na caverna, ele apenas respondeu:
“Tudo é possível. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

UM BRILHO DE VERDADE

Dizem que o diabo andava passeando com um amigo quando viu um homem à sua frente abaixar-se para apanhar algo brilhante que faiscava em seu caminho. O homem pôs aquela estrela luminosa em suas mãos, admirou-a por um bom tempo e a colocou junto ao peito. O amigo do diabo, curiosíssimo, cochichou baixinho no ouvido de Satanás: Nossa!!! O que é que é aquilo!?! Que coisa mais linda e brilhante aquele sujeito pegou do chão! O diabo, experiente, respondeu: Aquele homem acabou de encontrar a liberdade ao colocar a luz da verdade em seu coração... Então o amigo do diabo exclamou: Xiiii, mas isso deve ser um péssimo negócio para você! Como vai poder obscurecer a verdade e aprisionar novamente o homem às suas intenções?!? O diabo arqueou as sobrancelhas, deu um sorriso malicioso e disse: Fácil. É só organizá-la em crenças, sistemas e instituições...
Quem gostava de contar essa historinha era o indiano Jiddhu Krishnamurti (1895-1986). Krishnamurti.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O PINGO DO OLHO D’GUA

Na extensão lendológica da era das águas do leito do Rio Branco a narrativa da lágrima cósmica conta com diversas variações que são utilizadas para as mais diferentes abordagens argumentárias.
Entre os complementos de funções amplificadoras e de alicerçamento luminantes usados para amparar as sustentação que visam sobrevivência e perpetuação da narrativa, encontramos reflexões complementares interessantes principalmente aquelas que buscam orientar o ser imaginante internamente.
Como podemos verificar, a narrativa da lágrima cósmica fecha com uma variação de um dito popular bastante conhecido: "As aparências enganam" mas existem outra narrativas que utilizam o "Quem vê cara não vê coração" ou “ nem tudo que parece, é.” Esses aspectos estão acentuado no ritual da caverna, no "pingo do olho d'gua da mina de ouro" que é um conto popular pouco conhecido.
“A lágrima cósmica é uma peça, um mecanismos metodológicos que os lendologos custumam utilizar para através de reflexões identificar conflitos interiores e buscar o ponto de equilíbrio, um centro intermediador para os psico-opostos conflitantes internos .”
Por muitas vezes o frio e o calor são traduzidos como o bem e o mal, e a mãe natureza como sendo o próprio ser. É nesse tipo de abordagem que a gota d´gua surgi como um ser iluminado. Por exemplo, nas entrelinhas do desfecho da narrativa do Lendário Ser Mapinguary de personificador Nosli Nelc vemos o jovem líder enche as bilhas de cabaça com pingos do olho d’gua das vertentes e leva-las para lavar os olhos dos nativos e os cura da cegueira provocada pelo poder dos riscos nas superfícies das folhas. E ai a água pode ser traduzida como um variados significados que podemos dar para a palavra luz. E isolando movimento dela até o desfecho em que proporciona a cura da cegueira dos nativos, vemos a água ganhar o aspecto de um ser vivo, isso é freqüente nas abordagens dos lendologos compositores dos lendários da era das águas.
Na narrativa acima citada, a água resolvendo algo que parecia está acima da capacidade do jovem líder, restaurando uma realidade que foi distorcida com a mudança de costume através da introdução de uma cultura estranha a eles. E ai a água se confunde com a figura do líder que a transporta dentro das bilhas feitas da casca do fruto de cabaça. E o detalhe do transporte da água dentro das cascas de fruto de cabaça sugere a água como sendo uma semente, um elemento vivo que germina e dá frutos, o que é uma característica típica da abordagem dos lendologo da extenção Uiaristas na narrativa a ganha força e se revela como um farol mostrando o caminho de volta para a origem cultural do nativo.
Esse aspecto frágil e poderoso que encontramos com freqüência no movimento Uiarista onde e um exemplo disso é a narrativa do pingo do olho d’gua no ritual da caverna. Que vamos ver a seguir.