quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Grupo Capú na semana estadual de música.

Fomos convidados para fechar o show de encerramento da semana estadual de música. Dia 29/11/2009 no espaço cultural do mercado velho. Existe uma boa possibilidade de marca presença no evento.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Realismo Lendológico - Parte II

O CAMINHO SAGRADO DA ERA DAS ÁGUAS DOCES

“O caminho das águas é um instante cósmico estruturado pelos nossos imemoriais antepassados. A prova disso estão nos sinais encontrados em seu percusso”.

Ao adentrar o caminho recebemos trajes brancos, ornamentados com motivos regionais. Os auxiliares explicam que a troca de vestimenta no caminho, simbolizava a transformação harmônica do ser; o despertar da força transformadora dos humanos peixe botos do leito do Rio Branco; da consciência de que temos a capacidade de mudar de realidade; de desprender-se de costumes e culturas equivocadas, de adaptar-se a coisas novas, de lidar com o desapego materiais sem sofrer desconfortos internos.

Esse rito leva os caminhantes a uma breve revisão dos psico-valores incutido pela filosofia de mercado, meditando sobre a importância que damos as coisas que possuímos e sobre as coisas que desejamos ter. Nesse pontos somos orientados a buscar dentro de nós, possíveis razões para desejar e não desejar, ter as coisas que desejamos.

Cada caminhante recebe um cajado feito de cipó, semelhante a uma serpente, que tem na extremidade superior um fruto de cabaça que lembra a cabeça de um peixe boto e, ao mesmo tempo, um maracá indígena com um longo cabo tendo pequenas cuias amarradas em sua extensão. Seguimos para o portal que dar acesso ao caminho sagrado das águas doces, conhecido como o portal do fogo.

* Dentro do caminho as cuias têm diversos significados, entre eles, o de pedido de auxilio, de ajuda.
* A cuia representa a essência da visão lendológica, no sentido em que o palpável condensado e o impalpável vibrante, o denso e o sensível de um todo pode ser alcançado em um único instante. A meia bola visível e a invisível são vista como complementos, dando sentido uma a outra.

* Algumas vezes a cuia é associada a retina da iris ocular, e nesse caso o olho é visto como o ser sendo afogado, banhado pela água do rio das visões, e o corpo como elemento intermediador do imaginante dentro desse campo visionário.

Os nossos imemoriais ancestrais utilizavam as cuias com água para ouvir a voz do espírito que sopra na floresta. Eles costumavam deixar as cuias com água debaixo das arvores no meio da floresta. E no outro dia iam verificar o que elas continham. Os pequenos insetos, penas e folhas que caiam dentro das águas eram traduzidos como informações, mensagens trazidas pelo da espírito da natureza. Essas leituras ou decodificações eram feitas com ajuda do “SELO SOLAR”, uma especie de decodificador matemático, que é a bases de desenvolvimento dos mais profundos fundamentos lendologicos, e servia como orientador das traduções dos posicionamentos e significado dos elementos contidos na água das cuias.


O PORTAL DO FOGO

O portal do fogo é uma pequena entrada com dois guardiões e duas opções a serem seguidas. Cada guardião segura uma cuia de Coité grande contendo água.
No chão da entrada, uma tigela de colher látex contendo fogo sinaliza o meio do portal. Os caminhantes se aproximam da tigela e o guardião do lado direito, levanta a cuia e pedem para que todos peguem as pequenas cuias penduradas no cajados e a segure em frente ao corpo.
Eles as enche e dá incio ao ritual do beber água:

O guardião leva a cuia até a boca, e todos repetem o gesto, ele bebe o primeiro gole e diz:

Bebam! Esse primeiro gole, é para lembrar que para o ser humano existir, é preciso que exista água.

Bebam! O segundo gole, é para lembrar que somos sementes, e para crescer, germinar e dar bons frutos precisamos ser aguados diariamente.

Bebam! O terceiro gole, é para lembrar, que para a vida continuar existindo em nosso planeta, é preciso que continue existindo água. Água boa, água limpa, água viva.

Em seguida todos são convidado a sentar e ouvir a narrativa da fabulendária LÁGRIMA CÓSMICA:






“No começo dos tempos, existia uma batalha épica que parecia não ter fim. O frio e calor não se entendiam, e a mãe natureza fazia de tudo para pacificá-los. Até que um dia, ela já bastante cansada, sentou-se num canto e pensou: “só um milagre para resolver essa situação”. E uma tristeza imensa a envolveu. E desolada ela baixou a cabeça e do seu olho direito germinou uma gotinha que rolou pelo rosto e foi cair entre as duas criaturas que a seculos se digladiavam.

Ao ver aquilo a mãe natureza pensou: - “Coitada dessa frágil criaturinha, vai ser massacrada."

O calor com sua luz abrasadora, aproximou-se da gotinha. Mas a gotinha dividiu a luz em varias cores. O calor chegou mais perto. A gotinha reagiu evaporou e afastou-se dele, indo em direção ao frio. Em quanto seguia ia juntando suas partes dilatadas pelo calor, até voltar ao seu estagio original, voltando a ser novamente uma poção líquida. Mas ao se aproxima do frio, o frio tentou envolve-la com sua frieza. A gotinha reagiu ao frio ficando mais densa. O frio aproximou-se e a gotinha não teve outra opção a não ser, solidificou-se e assim escapar do frio e seguir novamente em direção ao calor. O calor abrasador foi descongelando ela que, novamente a trouxe ao estagio liquido que em seguida evaporou e retornou em direção ao frio, e tudo se repetiu, e assim, gotinha ficou, indo pra lá e pra cá, pra lá e pra cá, sem se deixar capturar por nenhuma das duas forças.
Ao ver aquela cena, pela primeira vez a mãe natureza esboçou um sorriso, que gerou lindas formas sorridentes que foram se juntar a gotinha, e para alegria da mãe natureza, a gotinha que parecia tão frágil, demonstrou ser forte e resistente, capaz de sobreviver aos ataques do frio e do calor.
Esse vai e vem da gotinha entre eles, ajudou o frio perceber que existia algo além do frio e o calor, que existia algo além do calor. A gotinha tornou-se uma mensageira e, com o passar do tempo, frio e calor foram se entendendo e acalmando-se, começaram a aprenderam a conviver com suas diferenças. A Mãe Natureza nunca mais sentiu tristeza e batizou a gotinha com o nome de planeta Terra. Desde esse dia não parou mais de sorri, e seu sorriso foi gerando novas criaturas para se juntar a gotinha. E a gotinha até hoje dança feliz, girando pelo espaço entre o calor e o frio. Entre os presentes sorridente que a gotinha recebeu, estava um muito especial, ao qual deu o nome de ser humano, esse ser veio com a missão de manter a gotinha sempre bem cuidada e limpinha para que nunca morra. E em troca, a gotinha cede parte do seu corpo para que ser humano solva e sobreviva e multiplique-se sobre a sua face. Muitas eras se passaram desde o lendário acontecimento, nesse meio tempo, alguns humanos esqueceram a missão que lhes foi dada pela mãe natureza, que continua sorrindo e gerando novos presentes com sua alegria. Mas felizmente boa parte dos humanos ainda têm consciência desta missão divina, e reconhecem a gotinha como uma dádiva preciosa, um símbolo da vida em paz, gerando a harmonia no universo. Esses humanos se organizam e agem visando o êxito da grande missão que nos foi dada, por isso se reúnem, traçam estratégias e redigem documentos para assegura a proteção e preservação da nossa sagrada gotinha. Entre esses documentos redigido temos um do período de transição do milênio de uma organização que ficou conhecida pela sigla ONU (Organização das Nações Unidas) e o documento foi intitulado: "A Declaração Universal dos Direitos da Água", que tem o seguinte teor:


1 - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.


2 - A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.


3 - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

4 - O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.


5 - A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.


6 - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.


7 - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.


8 - A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.


9 - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.


10 - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

O que refletimos com essa narrativa, é que "As aparências às vezes enganam.” Uma gotinha d'gua pode fazer a diferença: “Um igarapé, um rio, um dilúvio, começa com uma gotinha de água”.

Como pode perceber, essa narrativa fecha com uma variação de um dito popular conhecido: "As aparências enganam". Essa é uma ação tipica de um autentico lendologo. Existem outras narrativas que utilizam o "Quem vê cara, não vê coração".
Na narrativa transparece o aspecto do ser num estágio liquido, aspecto esse que também é acentuados no ritual da caverna, no "pingo do olho d'gua na mina de ouro" um conto popular bastante conhecido entre os lendologos, mas pouco divulgado no contexto popular. E que está em sintonia com espirito da era de aquário ou era das águas, como queiram

Dentro do lendologismo a narrativa “ Uma Lagrima Cósmica” normalmente é utilizada como instrumento psico-analitico de auto identificação de conflitos interiores, de busca de um ponto de equilíbrio intermediador interno no momento em que o ser detecta opostos psiquicos conflitantes que repercutem desconfortavelmente em ações externas, e a parti daí dá inicio a busca de uma solução. Essa ação de superação dos conflitos internos visando um individual interativo social pacifico, é também conhecida como a terceira e ultima guerra mundial da humanidade.

O frio e calor são traduzidos de diversas formas. Uma das formas mais comum é traduzi-los como bem e mal, nesse tipo de tradução normalmente a mãe natureza aparece como sendo próprio ser humano, a água nesse casos, passa a representar as reflexões que vem por fim a esses e a qualquer outra forma de conflitos, e ai a água ganha as características de um ser iluminado, do ser pacificador sensível, do consolador de aflições. Temos também um outro exemplo de forma como a água pode ser apresentada com essas caracteristicas que está nas entrelinhas da narrativa do Lendário "O Ser Mapinguary". Na a ação do jovem líder que leva bilhas com água da fonte das vertentes para lavar os olhos dos nativos de sua tribo, os curando da cegueira provocada pelo poder dos riscos nas superfícies das folhas. Nesse caso, o aspecto de ser iluminado se revela de forma velada, se dá no momento em que essa água é utilizada como interferidor, neutralizador de uma resultantes inapropriadas que tem origem em acontecimento externo, importado pelos aldeados. Pois no lendário “O Ser Mapinguary” a água resolve algo que parecia está acima da capacidade do jovem líder, restaura a realidade comunitária distorcida pela introdução da cultura dos riscos na superfície das folhas, e nesse aspecto ela se fundi a figura do jovem líder. E quando vemos a água sendo transportada dentro de bilha de cabaça para chegar ate a tribo, ela estar associada a idéia de semente e pode ser vista como um elemento vivo que se desloca de canto para outro, e no caso do lendário, ajudando o nativo a reencontrar o caminho de volta as suas verdadeiras origens, e que está em sintonia com o espirito comandante do período conhecido como era da águas. Mais na frente voce vai encontrar a narrativa do Lendário Ser Mapinguary, e entender melhor os detalhes aqui expostos, ou tira suas próprias conclusões.

A água como um ser frágil poderoso e uma constante dentro do contexto lendológico, é pode ser encontrado como base das narrativas de diversos rituais, entre eles o da caverna do espelho d’gua. Temos alguns fragmentos restaurados que dão pistas de como acontecia esse ritual, vejamos;

“De tempos em tempos, um jovem era escolhido para ir a grande caverna do espelho d’gua... As gerações se sucediam, e os nativos continuavam acreditando que um dia o espirito ancestral da caverna se manifestaria para um dos jovens da tribo”.

Obs. É bom lembrar que são comuns as variações fabulendárias contextualizada nesse espaço simbólico lendologico conhecido como caverna.

Existe uma infinidade de fragmentos aparentemente incompletos com funções especificas, que citam a lendária caverna, como por exemplo, esse que vem a segui:

“...Os anciões resistiam em mandar o jovem líder para caverna, pois achavam que o inveterado sonhador não seria capaz de concentra-se o bastante para ouvir a voz do grande ancestral da caverna. Mas como era tradição, todos os jovens tinha de passar pela experiência. Chegou a vez do jovem líder ser conduzido para passar o seu período sagrado no interior da caverna. Chegando lá, sentou-se do lado direito da entrada, e ficou em silêncio.
Passado algum dias ele volto para aldeia e para surpresa de todos ele contou que tinha ouvindo o ancestral da caverna, todos se juntaram para ouvir o seu relato. Ele contou que no terceiro já estava quase dormindo quando ouviu um estalo, e sua mente fez um clarão, em seguida escutou o seguinte dialogo:
O que pensa que está fazendo criaturinha insignificante? Por um acaso prentendia parti-me ao meio.
Não ! Eu estou aqui para realizar o seu grande desejo. Vim para mudar sua realidade.
Não me faça ri! Voce está sonhando!
Voce não conhece a minha força, não sabe o tamanho que tenho.
A quanto tempo estavas escondida ai encima?
O tempo suficiente para conhecer toda a história a vida na terra, e estou aqui para mudar a sua...
Não me faça morre de ri!
Vou mudar sua realidade.
E como pretende fazer/ Se matando em cima de mim/
Devagar, eu não tenho pressa!
A voz solida soltou outra gostosa gargalhada que ecou por toda caverna.
Pare de sonhar e me deixe em paz criaturinha boba.
E espere e verá.

“água mole em pedra dura, tanto bate até que fura ”


*Os lendologos classificam esse tipo de narrativa acima, como peça de exercícios para desenvolvimentos narrativos complementativos. Ou seja, é um texto aberto a adição de variações de diálogos, detalhes introdutórios, contextuais, conclusivos ou indefinidos.

*Uma coisa sagrada dentro do lendologismo, é a aceitação de toda e quaisquer composição narrativa originada ou que envolva elementos reconhecidos como lendologicos nativos autênticos. Mas podemos dizer que a utilização de um método de classificação ou ordenação de composições lendárias, distorcem a postura primordial lendológica. Mas nem por isso os lendologos deixam de fazer uma espécie de seleção, de escolha de uma linha narrativa (personificação) para manifesta seus argumentos narrativos.

Mas voltando ao caminho. O segundo guardião do portal do fogo levanta a cuia contendo água, e pede para que juntos façamos uma corrente de vibrações positivas para energizar a água contida na cuia. São pronunciadas palavras de exaltação ao espírito harmônico que governa a natureza, agradecimentos à mãe das águas pela gestação do líquido precioso que solvemos. Depoi disso, todos são conduzidos até onde está tigela com fogo, na entrada do portal, para fazermos a passagem simbólica de entrada no caminho.

Um caminhante escolhido pegua uma cuia do seu cajado e fique diante da tigela com fogo. Um auxiliar do guia pega a cuia com água energizada e se aproxima do caminhante. O caminhante estende os braços para frente, fazendo com que a cuia que está em suas mãos fique acima da tigela com fogo. Em seguida inclina a cabeça sobre ela até vê o rosto refletido na superfície da água contida na cuia. O auxiliar faz uma pequena oração, a água energizada é derramada sobre a cabeça do caminhante. A água passa pela cabeça e caia dentro da pequena cuia, que transborda e cai dentro da tigela apagando o fogo. Um por um dos caminhantes repetem o ritual, os guardiões entoam canções de convocação do grande espírito protetor das florestas. Surgi o guia caminho vestido roupa branca, trazendo um maracá amarrado a cintura.
Esvaziamos o restante da água nas cuias, jogado a água para o alto. Os auxiliares canta uma canção intitulada Oceanos Suspensos:

Paisagem a vapores
No céu em movimento
Figuras minerais
Moldadas pelo vento

Ieee, igarapés
Ieee, rios e riachos.

Ouri-ouri, moldadas
Ouri-ouri é do vento o pensamento.
U,u,u,u,u... (musica incidental)

Oceanos suspensos (bis)

Águas de todos os sabores
Orvalhos que molharam flores (bis)
Moldadas pelos ventos
É do vento o pensamento

Surreal em gotículas
Cachos d’gua navegantes
Plumas Belezas liquidas
Gasosas formas mutantes

Repete (2,3)
Que da terra foram ao céu e voltaram ao planeta.
Planeta! (bis) a, a, a, a...


Na primeira parada do caminho encontramos uma nativa em frente a um pequeno casebre. Ela tem nas mãos pequenas bilhas de cabaça contendo suco de frutas naturais que é servido a todos. Bebemos o suco para lembrar que durante a caminhada é preciso está atento para extrai o que a natureza tem de melhor, de mais saboroso, de mais doce.
Seguimos cantando, somos orientados a bater com os cajados no chão, fazendo os maracás vibrarem e assim marcarem o compasso da canção.

* Todos detalhes ritualístico do caminho tem uma gama de significados que aos pouco vão se revelando e introduzindo os caminhantes no espirito que organizou o caminho. Por exemplo; o batismo de água para apaga o fogo na entrada do caminho, está ligada a idéia de renascimento; de começo de uma nova vida; a idéia de apagar algo que consome ou o consumo simbolizado pelo fogo.
Para os Uiaristas o formato do mapa do estado do Acre é a representação do instante em que se dá o incio da a travessia do portal do fogo, é o registro do momento em que água é jogada na cabeça do caminhante. Para eles o mapa do Acre é a visão do caminhante, olhando para a água no momento em que ela sai da cuia do guardião, para batiza-lo. E nesse aspecto o caminho ganha outra dimensão. Entra num plano que pode ser definido como transcendente, jornada universica.

A palavra Batismo começa com a letra “B” e ai ela está associada a idéia de renascer, de
nascer de novo, de nascer para mãe terra através do caminho. É para lembrar que antes
de nascer, vivemos no universo liquido do ventre materno, e assim portanto, somos
peixes. Quando nascemos para o mundo, passamos a ser humano. E nessa nova
realidade passamos a ter uma nova relação, a terra passa a ser o nosso novo grande útero
materno ao contrário, as avessa, e para sobrevivermos dentro desse novo útero,
precisamos ir até a água. No ritual do Batismo, quando mergulhamos nas águas e
emergimos, simbolicamente representa esse renascer para terra; sair do novo ventre
para uma nova vida; é um ato de reconhecimento de que temos a terra como nossa
primeira e segunda grande mãe.

Seguimos para um local conhecido como santuário da GRANDE PORONGA.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

REALISMO LENDOLÓGICO - Parte III

A GRANDE PORONGA




Chegamos a uma cabana circular escura, com uma grande poronga em seu centro, um altar ornamentado de cuias e outras pequenas porongas. Sentamos ao redor, chegam as nativas trazendo o fogo da tocha sagrada para iluminar o ambiente. Elas caminham em circulo enquanto o guia canta versos de louvor ao amanhecer:

“Louvai o brilho do sol
Louvai o amanhecer
Louvado dia
Louvai o entardecer”

A claridade da tocha revela detalhes arquitetônicos da cabana que estavam escondidos pela escuridão.

O guia expõe pensamentos e reflexões sobre o que definimos como sombra, luz e o ser. Esses pensamentos serão aprofundado mais adiantes, no lendário O do Grito Mapinguariano

As nativas retiram as pequenas poroingas do altar e coroam os caminhantes com elas. com o fogo da tocha sagrada acendem a grande poronga e em seguida as pequenas porongas que estão em nossas cabeças.

* No caminho a poronga apagada simboliza a ignorância do ser humano diante do universo natural que o cerca, simboliza o caminhar as cegas na escuridão dentro da floresta, sem ver a riqueza de conhecimentos e saberes naturais existentes nela.

*A poronga acesa, simboliza o humano que vive e caminha na floresta usando a luz da inteligência para descobrir novas coisas, novas maneiras de lidar com as forças naturais, de interagir com elas, resultando na cultura típica dos nativos da região, como é o caso das contações de histórias, dos causos, do fabulendarismo, das narrativas lendologicas dos seres mitos lendários da floresta e etc.

Com as nossas porongas acesas somos orientados a formar um circulo em frente a grande poronga, formando a lendária roda dos contadores de histórias da floresta. Nessa roda são desenvolvidas histórias coletivas, alguem começa uma narrativa, e seguindo uma ordem de manifestação dos caminhantes, cada um usa a imaginação para complementar narrativa interrompida pelo que está do seu lado.
Logo depois vem o rito das narrativas individuais. O guia e seus auxiliares conta às proezas do jovem líder dos encantados, que dizem respeito a origem do lendário Ser Mapinguary, nos levando a reflexões e analises profundas sobre a organização sistemática intelectual interativa social em que vivemos até o inicio do terceiro milênio. Comentários complementares que acompanham a narrativa nos dão uma noção do vasto campo sensível que envolve esse elemento da nossa cultura popular. Vejamos a narrativa:


O SER MAPINGUARY


”Ao chegarem na pequena aldeia, os aventureiros foram recebidos com grande festa, resolveram então passar uns dias por ali, e um deles aproveitou a oportunidade de se aproximar da esposa do jovem líder, e fez para ela a demonstração de como mandar o seu espírito para outro lugar e fazê-lo falar através de riscos nas superfícies de folhas de arvore. E com a ajuda dos outros aventureiros, demonstrou que também tinha o poder de ouvir os espíritos dos amigos através dos riscos na superfície das folhas. Impressionada com a demonstração, a jovem foi até o espelho d’água, onde o líder e os jovens anciões se reuniam diariamente.
Chegando lá, relatou para ele a demonstração de poder que os aventureiros fizeram. O jovem ficou curioso, os anciões reagiram com indiferença ao relato e pediram para que o jovem líder tivessem cautela com a novidade trazida pelos aventureiros. A esposa insistiu para que o jovem fosse comprovar o que ela estava dizendo, acrescentando que os aventureiros mostraram-se dispostos a ensiná-lo obter o curioso poder como forma de agradecê-los pela acolhida que tiveram na aldeia.
Mesmo contra a vontade dos anciões, o jovem líder foi ao encontro dos aventureiros, e ficou impressionado com o tal poder, e manifestou o desejo de aprender ouvir e falar através dos riscos na superfície das folhas. Os aventureiros prontamente deram inicio aos primeiros exercícios.
Aos pouco o jovem líder foi dominando o poder de mandar seu espírito falar e a ouvir através dos riscos nas folhas. Os aventureiros aproveitaram o entusiasmo e a dedicação do jovem líder, e sutilmente foram colocando entre as folhas que davam para ele exercitar o poder, algumas folhas que tinha o poder de se apossar do espírito e dos pensamentos dele. E não demorou muito para que o jovem líder tivesse o espírito e seus pensamentos manipulados pelos aventureiros, e passou a dar a total liberdade para eles viverem e explorarem livremente suas propriedades, sem incomodá-los ou questioná-los quantos aos objetivos destas explorações.
O tempo foi passando, o jovem líder foi deixando de ir aos encontros no grande espelho d'água, para evitar discutir com os anciões que insistiam para que afastasse o seu povo do estranho poder trazido pelos aventureiros. Não demorou, e tudo na aldeia passou a ser feito e organizado através de folhas de arvores riscadas. Um dia depois de ouvir algumas discussões entre os nativos, o jovem percebeu que sua tribo tinha entrado num estado caótico de troca de informações e convivência sócio interativa, percebeu que estava perdendo o controle das coisas e conseqüentemente o poder de dirigir seu povo, as folhas riscadas estavam assumindo o seu lugar. Desesperado, aproveitou a ausência dos aventureiros na aldeia, e foi ao encontro dos anciões no espelho d'gua na tentativa de reverter a situação. No encontro, depois de muita discursão e reflexões, os anciões o levaram até a beira do igarapé e o fizeram olhar o rosto no espelho d'água, e ele então pode ver o que o tal poder tinha feito com ele. Constatou que o poder dos riscos na superfície das folhas o tinha deixado quase cego e enxergando apenas com um olho, e que conseqüentemente ele tinha cegado todos de sua tribo com o tal poder.

Desesperado o jovem soltou um gritou. Porem, de sua garganta sai um urro pavoroso que estremeceu toda floresta. Os aventureiros assustados se embrenham nas matas temendo pelo pior. Os anciões fugiram apavorados sem saber o que fazer para acalmá-lo. Mas a mãe das águas, que acompanhava toda estória desde o começo, se compadecendo do sofrimento do jovem, pediu para que um dos seus lendários encantados fosse até o espelho e o conduzisse ate a grande fonte das vertentes do reino das águas doces, e ali entregou a ele um *olho d'água.

O jovem voltou para aldeia, trazendo vasos de cabaças contendo olhos d'águas limpa para lavar os olhos do seu povo e livrá-lo da cegueira produzida pelo poder dos riscos nas superfícies da folhas. Aos poucos, todos foram recuperando a visão, e voltando a enxergar o meio natural como ele realmente era.

Na fuga os aventureiros levaram as crianças e a maioria das mulheres, inclusive a jovem esposa. Isso fez com que o líder continuasse enxergando apenas com um olho, e para voltar ao normal, ele tinha que encontrar sua amada e curá-la. E não tendo outra saída, saiu pela floresta, gritando e assobiando, e esperando a resposta dela. E todo estranho que encontrava pelo caminho, devorava com os olhos, pois acredita que assim estava defendendo e evitando que sua tribo fosse novamente contaminada pelo estranho poder. Dando origem assim a um dos mais intrigantes personagens do nosso lendário nativo popular urbano e florestal: “ O Ser Mapinguari.”

* Alguns lendologos argumentam, que o olho dado ao jovem líder, é o olho do deus Odin, que a mãe das águas recebeu em troca de um gole de água de sabedoria.
Odin - Deus guerreiro escandinavo, amante das artes e poesias.

* As mulheres e as crianças representam a sensibilidade e a inocencia.



COMPLEMENTO ARGUMENTÁRIO DO LENDÁRIO SER MAPINGUARY

O Mapinguari, tem uma considerável quantidade de narrativas e traduções, no que se refere a sua origem. Dentro do contexto lendológico, esses argumentos narrativos são acompanhados por comentários dos lendologos que os compõem, ou de algum outro que entra em contato com essas argumentações compostas. São esses comentários livres, os responsáveis pelas polemizações, aperfeiçoamentos e evolução do que veio a ser aceitavelmente denominado como Lendológia.

“Essa narrativa argumentaria lendária tem um aspecto nativo urbano bastante acentuado. Alguns lendologos defendem a tese de que a narrativa deu origem aos relatos ancestrais sobre a existência de “um paraíso perdido pelos seres humanos”. Período em que os nativos influenciados pelos aventureiros passaram a cobrir os corpos com vestimentas confeccionadas com fibras de algodão. E esses detalhes argumentários foram sendo aperfeiçoado, e com o tempo passaram a ser usado como argumentos doutrinários religiosos específicos, de utilidades comunitárias questionáveis.”

Dentro do contexto lendacreano, essa narrativa é tida como fonte da origem de ditos populares e passagens literárias bastante difundidas entre as comunidades nativas, como por exemplo, a conhecida frase de tendência moralista popular que sentencia; “ São cegos guiando cegos”, ou “Olho por olho... “ ; “Em terra de cego que tem um olho é o rei.” e etc.

Existem também os que reclamam a ausência na narrativa de por menores que ampliam significativamente a argumentação, e cobram a inclusão nos relatos as informações que dão conta da introdução do uso de cascas de determinadas arvores, como valor simbólico de troca monetária. Feitas sob o controle e fiscalização dos aventureiros dentro da grande aldeia.

* Toda peça lendológica autêntica, é acompanhada de fragmentos complementares de sustentação, e em alguns casos de contestação.

Dentro do movimento lendológico florestano da era das águas. Principalmente no que se refere ao Mapinguarismo, tem uma máxima consensual entre os lendologos que diz: “tudo é questionável”.
Os seres mitos-lendários são registros fragmentados dos compromissos individuais coletivos que refletem as ações comportamentativa e reações emotivas significantes sócio interativas dos nativos, os auxiliando na organização, na resistência e proteção do ser imaginante e o meio onde se manifesta com sua cultura.

* Para os que adentram o universo lendológico é bom dizer que existe uma significativa diferença entre seres mitos-lendários e lendas.

As narrativas lendárias, assim como as lendas, normalmente não deixam alicerces suficientemente lógico para que possamos localizar o momento em que ela surgi. Presente, passado e futuro se confundem. É característico trazerem um tom sapiente ancestral, que transparece envolto por um “sistema intuitivo” de auto defesa intelectual nativo, fazendo dos seres mitos-lendários guardiões tribais, eternos sobreviventes gloriosos, resistentes a ataques acadêmicos e aos modismos culturais equivocados.
E’ a parti de uma tradução, compreensão, extração e divulgação de um certo grau de entendimento que se tem das lendas e dos seres mito lendários, que um lendologo se manifesta e identifica outro lendologo. É o que torna possível o reconhecimento e aceitação de seus argumentos narrativos dentro da cultura e do movimento lendológico.

É através das composições dos lendários em linguagem de alcance compreensivo popular, e “intelectual acadêmico superior”, que os lendologos compõem, desenvolvem e divulgam suas propostas, ensaios, justificativas, auto-supremalizações, auto-doutoramento e etc.

No lendologismo florestano acreano, o termo lendologo, normalmente é usado para definir, o ser imaginante que domina uma personificação significativa oficial, uma das variantes ou tendencias lendológica mito-lendariana, entre as variantes temos: a grande serpente, mãe d’agua, boto, mapinguari, curupira e etc. É a parti deles que os lendologos desenvolvem seus estudos e compõem seus argumentos narrativos.

Os lendários (argumentos narrativos compostos) que são aceito como instrumento didático pedagógico dos lendologos, tem como característica marcante, sentenças e ganchos gramaticais narrativos estratégicos que servem para desenvolvimento complementares de defesa existencial do lendário, e dos discursos que vão arrazoando, desenvolvendo e valorizando o conteúdo narrativo, visando sempre que o lendário alcance sua autonomia, uma função social, a utilização popular.

Dentro do pensar lendológico existem as variantes e tendências postulares fundamentais de orientação, pesquisa e desenvolvimento. Entre elas destacam-se:

Variações:
Nativo Florestal

- Iaraismo
- Botoismo
- Mapinguarismo
- Curupiarismo
- Serpentismo (oral, gestual, vibrante)


Obs. Essas variações acima são aceitas como variações intermediarias fundamentais argumentarias, do pensamento autônomo nativo lendário amazônico. Mas o numero dessas variações é bastante amplo. Os acima expostos são os que oficialmente os personificadores lendacreanistas definem como os basilares.

Tendências:
Nativo Urbano

- Maracaismo
- Camalionismo
- Sementismo (ortográfico, simbólico)


Para o reconhecimento e oficialização de um argumento lendologico, os lendologos da extensão lendacreanistas estabelecem que as narrativas tenham sempre um tom de contação de história. Essa orientação, tem função de mecanismo preventivo de defesa da cultura de contação de historia que é bastante popular no nosso meio comunitário florestal e urbano; como forma de preservar esse mecanismo ancestral eficiente, atraves do qual os seres humanizados sempre de troca de saberes, conhecimentos e ensinamentos.

Uma narrativa para ser reconhecida como peça lendológica autentica, deve conter no mínimo 4 (quatro) aspectos expressivos das variações citadas acima. Sendo uma originadora e três de sustentação.

Essas variações são traduzidas e destacadas em forma de pequenos fragmentos expositivos complementares, que devem acompanhar a narrativa do lendário composto. No caso da narrativa argumentária “O SER MAPINGUARY” do lendologo Nosli Nelc, os fragmentos expositivos complementares de sustentação oficialização e suas respectivas justificativas são as seguintes:




Das sustentações:

Iaraismo – (A genitora das águas) Na narrativa está clara o aspecto Iaraista, pois no iaraismo ou uiaraismo, como queiram, estão os personificadores da Mãe das águas, e tem como fundamentos os simbolismos e os pontos significativos que extraem do elemento água; as idéias que remete ao principio das coisas, a água é o que dar vida, e no todo da narrativa este aspecto está presente quando a narrativa nos dá ciência de como ele nasceu e ganhou vida o Mapinguary.



Botoismo – (O peixe encantado que se transforma em gente) O Bôto está ligado a idéia de mudança de realidade, de transformação, e este aspecto está presente na narrativa quando ela nos mostra a mudança de realidade psico-ambiental, na transformação socio tribal provocada pelo poder dos risco na superfície das folhas. Bem como também no instante em que o líder toma consciência de que os riscos estão ocupando seu lugar, e posteriormente na ação de lavar os olhos dos nativos para que voltem a realidade tribal anterior.


Curupiarismo - (Tem os pés virados para trás e costuma fazer os caçadores se perderem dentro da mata.) – Os pés invertidos do(a) curupira está presente na ação dos aventureiro ao fazerem o jovem seguir numa direção indicada por eles mas que no final se revela o oposto, fazendo com que se perca no controle administrativo da tribo.

Serpentismo –( Encanta e atrai suas presas e as devora) A serpente está presente em toda e qualquer narrativa, é o símbolo da onda; do vibrante etéreo; das sonoridades, é através destes atributos que entramos em contato com os fatos narrados. Ela é o ser intermediador das comunicações, a condutora das narrativas. O seu poder de atração e encantamento está presente na narrativa no instante em que a jovem esposa é seduzida pela lábia dos aventureiros e quando consequemente ela seduz o jovem lider, que posteriormente é encantado e devorado pelo o poder de sedução da cmunicação dos risco nas superfícies das folhas.





Originadora:

Mapinguarismo – ( O ser antropofágico que tem um olho na testa e a boca na barriga) Está presente no todo da narrativa, no aspecto em que o nativo mostra uma reação a uma ação externa, estar presente nas entrelinhas, na defesa de um ponto de vista tribal. Quando transparece a consciência de uma psico realidade importada que precisa ser combatida, está clara na intenção do personificador reagindo a uma cultura externa. Dentro do mapinguarismo essa atitude pode ir de pacifica reformadora, a reacionárias radical. Na cultura dialética analógica lendária, essas personificações tem como principio a defesa do ser imaginante, do seu meio ambiental natural e nativo urbano cultural. Na composição lendária o Ser Mapinguary podemos ver uma chamada para reflexão, que nos remete a questão do aculturamento do nativo étnico e urbano florestano e as conseqüências disso no meio ambiental natural e na realidade psico-social da tribo.


Obs. Naturalmente como se trata de ledologismo, as exposições acima podem sofrer alterações auxiliares, amplificarem-se.

Lendologo é o ser que domina a linguagem (simbólica significativa) ancestral dialética analógica lendária nativa; um personificador.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

LENDOLOGISMO E A CULTURA DA PAZ

A Era 2000, chega com a esperança de transformações significativas no corpo social humano, como está previsto nos profetismo terrestre para o novo milênio. Mas o século XXI começa com a realidade chocante de a todo momento ver uma guerra explodir em algum lugar do mundo. Isso pode ser visto acontecendo além das nossas fronteiras territoriais, assim como também no cotidiano das grandes cidades. Está claro que se faz urgente enfrentar essa situação. Mas como enfrenta isso em meio a esse contexto absurdo em que vivemos, como são a realidade das guerras entre nações, os conflitos religiosos; da violência das facções no dia a dia? Como desenvolver o cultivo de valores, como a fraternidade, solidariedade, convivência pacífica entre nos seres humanos onde esses valores parecem esquecidos, ultrapassados? Não resta duvida que as escolas e a família têm um papel importante nesse cenário, é através delas que podemos iniciar uma reação de enfrentamento positivo dessa situação. Existem instrumentos que podem serem utilizados nessa batalha do bem, alguns simples, mas poderosíssimo, como é o caso da imaginação e elementos da cultura popular; do imaginário popular etc. Acredito que buscando uma organização coerente dos símbolos naturais e a força dos nossos mitos-lendários podemos construir uma consciência sólida, desenvolver uma visão em sintonia com as esperanças de mudanças que quero para o mundo, ações mais coerentes de interação com o nosso meio, preservando, restaurando e protegendo os nossos recursos naturais e intelectuais característicos da região em que vivemos. Temos a questão da água, o precioso líquido que essencial para a manutenção da vida na Terra. E todas as coisas que dizem respeito a nos que respiramos. O Lendologismo é uma opção, é um tentativa de desconstrução teórica e estruturação de um escudo de resistência dos direitos de etnias, raça etc. na busca da superação a globalização cultural que ameaças a diversidade de saberes e costumes dos povos. O lendologismo é uma forma de contribuição para reflexão e construção de uma consciência florestana dando função social e intelectual aos elementos que povoam o imaginário das nossas comunidades, os mitos lendários que fazem parte patrimônio do imaginário nativo Acreano têm uma riqueza de significados que podem ajudar nessa construção de um novo compreender humano. O que você lê neste blog, são noticias atemporal imemoriais e sempre atuais que estão em constante construção e reconstrução, exitem outras abordagens tão interessante quanto as aqui são expostas. Os que acompanham essas postagens e pedem mais material para reflexões pessoais, fiquem tranquilo que aos poucos eles vão aparecendo. O que não falta é material. Agradeço a compreensão.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O CAMINHO SAGRADO DA ERA DAS ÁGUAS DOCES - cont...

Ao adentrar o caminho dos mitos-lendários florestanos, recebemos trajes brancos ornamentados com motivos regionais.
Os auxiliares do guia do caminho explicam que a troca de roupa simbolizava o desperta da força encantadora dos botos que somos, da nossa capacidade de mudar de realidade; de desprender-se dos costumes e adaptar-se a novos costumes. Nos falam de uma consciência de desapego as coisas materiais, somos convidados a fazer uma breve revisão dos nossos psico-valores. Somos instruídos a meditar sobre a importância que damos as coisas que possuímos, e sobre todas as coisas que desejamos ter, e a buscar dentro de nós possíveis razões para não desejar essas coisas.

Em seguida recebemos cajados semelhantes a serpentes com a cabeça feita com fruto de cabaça, que lembra a cabeça de um boto. Pequenas cuias são amarradas na extremidade superior do cajado. Caminhamos para o portal do fogo que dá acesso ao caminho sagrado das águas doces.

* Dentro do caminho a cuia tem diversos significados, entre eles o pedido de auxilio, de ajuda. A cuia aparece também como elemento simbólico representativo da essência da visão lendológica, onde o visível e o invisível, o palpável condensado e o impalpável vibrante, o denso e o sensível são alcançado num mesmo instante.

* A cuia está associada a retina da iris ocular, e nesse caso o olho é visto como o ser sendo banhado pela água do rio das visões. E o corpo é o elemento intermediador do imaginante dentro desse campo visionário que é acessado no contato com a água do rio das visões.


* Alguns dos nossos imemoriais ancestrais utilizavam as cuias contendo água para ouvir a voz do espírito que sopra na floresta, os nativos costumavam deixar cuias com água, no meio da floresta. E no outro dia iam verificar o que elas continham além das águas. Os pequenos insetos, penas e folhas que caiam dentro das águas das cuias eram traduzidos como informações, mensagens do grande espírito da natureza. Essa leitura ou decodificação era feita com ajuda do selo solar, que é base de orientação fundamental do nativo que serve para fazer a tradução dos posicionamentos dos elementos contidos na água.

O portal do fogo fica numa pequena estrada de terra batida com duas opções a serem seguidas. Dois guardiões guardam as entradas, cada um segura uma cuia de Coité contendo água.
No meio do portal tem uma tigela de colher látex, contendo fogo. Ao nos aproximar da tigela o guardião do lado direito levanta a cuia e pedem para que todos peguem as pequenas cuias do cajado, e a segure enfrente ao corpo. O guardião enche as pequenas cuias com água para realizar o ritual do beber água:

Leva a cuia até a boca e bebe um gole e diz:
O primeiro gole, é para lembrar que para o ser humano existir, é preciso que exista água.
O segundo gole, é para lembrar que somos sementes, e para crescer e germinar precisamos ser aguados diariamente.

O terceiro gole, é para lembrar, que para a vida continuar existindo em nosso planeta, é preciso que continue existindo água. Água boa, água limpa, água viva.

Em seguida é feita uma narrativa fabulendaria nativa conhecida como:



UMA LÁGRIMA CÓSMICA


No começo dos tempos, existia uma batalha que parecia infinda, o frio e o calor não se entendiam, a mãe natureza fazia de tudo para pacificá-los, mas só um milagre era capaz de resolver a situação. Um dia, a mãe natureza já bastante cansada, sentou-se num canto, e ficou olhando o frio e o fogo se degladiando, uma tristeza imensa a envolveu, ela baixou a cabeça, e do seu olho direito germinou uma gotinha que rolou pelo seu rosto e foi cair entre as duas criaturas.

A mãe natureza pensou: - “Coitada dessa frágil criaturinha, vai ser massacrada."

O calor com sua luz abrasadora, aproximou-se da gotinha, mas a gotinha dividiu a luz em varias cores. O calor chegou mais perto, a gotinha reagiu evaporando, e afastando-se, indo em direção ao frio, enquanto se movimentava ia juntando as partes dilatadas pelo calor, voltando a ser novamente uma poção líquida. Ao se aproxima do frio, o frio tentou envolve-la, mas rapidamente a gotinha reagi ficando mais densa, o frio aproximou-se, a gotinha então solidificou-se e escapou em forma de gelo, e foi em direção ao calor descongelou ela evaporou novamente indo em direção ao frio, e assim ela ficou, indo pra lá e pra cá, pra lá e pra cá.
Ao ver a cena, a mãe natureza sorriu pela primeira vez, e seu sorriso gerou formas lindas que foram se juntar a gotinha, que parecia tão frágil, mas no entanto era muito forte. Sobrevivia aos ataques do frio e do calor.
E nesse vai e vem a gotinha ajudou o frio perceber que existia algo além do frio e o calor por sua vez, percebeu que existia algo além do calor. A frágil criaturinha tornou-se uma mensageira entre eles, e com o passar do tempo, frio e calor foram acalmando-se e aprendendo a conviver com suas diferenças. A Mãe Natureza feliz da vida, batizou a gotinha com o nome de planeta Terra, e sorrindo de felicidade foi dando vida a outras criaturas que foram se juntar a gotinha, e gotinha feliz com os presente até hoje dança girando pelo espaço. Entre os presentes gerados pela felicidade da mãe natureza, teve um muito especial ao qual a mãe natureza deu o nome de ser humano, esse presente tinha como missão de manter a gotinha sempre bem cuidada e limpinha. E em troca a gotinha passou a ceder parte do seu corpo para ser humano solver e assim sobreviver e multiplicar. Mas com o tempo alguns humanos foram esquecendo da missão de cuidarem da gotinha, para que a mãe natureza continuasse sorrindo gerando e presentes com sua alegria. Mas uma grande maioria dos seres humanos ainda continua lembrando da missão e reconhecendo a gotinha como uma dádiva divina, símbolo da vida da paz no universo. Esse seres humanos continuam se organizando e tomando atitudes para o êxito da missão que lhes foi dada, se reúnem e traçam estratégias, redigem documentos que assegurem a proteção e preservação da gotinha. E um desses documentos foi redigido por um grupo que no período da transição milênica ficou conhecido como como ONU (Organização das Nações Unidas) e foi intitulado "A Declaração Universal dos Direitos da Água", que tem o seguinte conteúdo:


1 - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.


2 - A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.


3 - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

4 - O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.


5 - A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.


6 - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.


7 - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.


8 - A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.


9 - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.


10 - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

"As aparências às vezes enganam.” Uma gotinha d'gua pode fazer a diferença, não esqueça que um igarapé, um rio, um dilúvio, começa com uma gotinha de água”.

A narrativa uma lágrima cósmica apresenta o padrão característico do manifestante lendológico, fecha com a variação de um dito popular conhecido: "As aparências enganam". Mas existem outras narrativas que utilizam o "Quem vê cara, não vê coração". Esse aspecto do ser no seu estágio liquido também é acentuados no ritual da caverna, no "pingo do olho d'gua na mina de ouro" um conto popular bastante conhecido entre os lendologos, mas pouco divulgado no contexto popular.

A narrativa “ Uma Lagrima Cósmica” é usada como instrumento psico-analitico de auto identificação de conflitos interiores e busca de um ponto de equilíbrio intermediador dos opostos internos conflitantes.

O frio e calor são traduzidos de diversas formas, uma das formas mais comum é a de traduzi-los como bem e mal, nesse tipo de tradução a mãe natureza costuma ser vista como sendo o próprio ser humano, e ai a água que representada pela gota d´gua ganha a personalidade de um ser iluminado. Um exemplo disso está nas entrelinhas da narrativa do Lendário "O Ser Mapinguary". Na a ação do jovem líder que enche as bilhas com água da fonte das vertentes para lavar os olhos dos nativos da tribo, os curando da cegueira provocada pelo poder dos riscos nas superfícies das folhas. Nesse caso o aspecto de elemento iluminado se revela no momento em que a água é utilizada como interferidor, neutralizador de uma resultantes inapropriadas que tem origem em acontecimento externo ou importado pelos aldeados. No caso do lendário O Ser Mapinguary acontece quando a água chega para resolver algo que parecia está acima da capacidade do jovem líder, restaurando a realidade comunitária distorcida pela introdução da cultura dos riscos na superfície das folhas, ai a água se confundi com a figura do jovem líder.
O transporte da água dentro da bilha de cabaça que é feita pelo jovem lider, associa a água a idéia de semente e entre as variações de significados a água pode ser vista como um elemento vivo que se desloca de canto para outro, ajudando o nativo a reencontrar o caminho de volta as suas verdadeiras origens, entrando em sintonia com o espirito comandante do período conhecido como era da águas.
Esse visão de ser frágil poderoso da água dentro do contexto lendológico, é encontrado nas narrativas de diversos rituais, entre eles o da caverna do espelho d’gua.

“De tempos em tempos, um jovem era escolhido para ir a grande caverna do espelho d’gua... Gerações se sucediam, e os nativos continuavam acreditando que um dia o espirito ancestral que habitava a caverna se manifestaria para um desses jovens”.

Obs. São comuns variações fabulendárias no contexto desse espaço simbólico lendológico .

Uma coisa que é sagrada dentro do lendologismo, é a aceitação de toda e quaisquer composição narrativas originadas ou que envolva os elementos reconhecidos como lendológicos nativos autênticos. Mas é importante observa que usar método para classificação ou ordenação das composições lendarianas, distorcem um pouco a postura primordial lendológica, mas nem por isso os lendologos deixam de fazer uma espécie de seleção, de escolha de uma linha narrativa (personificação) para manifesta seus argumentos narrativos.
Temos uma infinidade de fragmentos aparentemente incompletos com funções especificas, que citam a caverna vejamos alguns:

“...Os anciões resistiam em mandar o jovem líder para caverna, achavam que o sonhador inveterado não seria capaz de concentra-se o bastante para ouvir a voz da caverna. Mas como era tradição todos os jovens passarem pela experiência, o jovem líder foi conduzido a caverna para passar o período sagrado dentro dela. Chegando lá o jovem sentou-se do lado direito da entrada, e ficou em silêncio.
Passado algum dias, ele ouviu um estalo liquido dentro da caverna e sua mente fez um clarão, e ouviu o seguinte dialogo:
- A quanto tempo estavas escondida ai encima?
- Seu desejo foi atendido. Estou aqui para ajuda-lo. Desde que você pediu ajuda.
- Você veio me ajudar!? Não me faça ri. - disse uma voz rochosa soltando uma estrondosa gargalhada.
- Por que está zombando?
- O que pensa esta fazendo criaturinha insignificante, por um acaso pensavas em me parti ao meio? – Perguntou novamente a voz sólida.
- Eu sou mais forte e bem maior que voce imagina.
- Me poupe dos seus autos elogios.
- Eu conheço todas as histórias, e estou aqui e vou mudar a sua...

“água mole em pedra dura, tanto bate até que fura ”


*Os lendologos classificam esse tipo de narrativa como peça de exercícios para desenvolvimentos complementativos narrativos. Ou seja, é um texto aberto a adição de diálogos, detalhes introdutórios, contextuais e conclusivos.


Mas seguindo com a narrativa do percurso do caminho. O segundo guardião do portal levanta a cuia contendo água, e pede para todos fazerem uma corrente de vibrações positivas para energizar a água contida cuia. São pronunciadas palavras de exaltação ao espírito harmônico que governa a natureza, e agradecimentos à mãe das águas pela gestação do líquido precioso que solvemos.

Todos são conduzidos até tigela com fogo na entrada do portal, para fazerem a passagem simbólica da entrada no caminho.

Um caminhante pega a cuia do seu cajado e fica diante da tigela com fogo, um dos auxiliares a cuia com água energizada. O caminhante estende os braços para frente, fazendo com que a cuia que está em suas mãos fique acima da tigela com fogo. Em seguida é orientado para que incline a cabeça sobre ela até vê o rosto refletido na superfície da água. Os auxiliares fazem uma pequena oração, a água energizada é derramada sobre a cabeça do caminhante, que toma o cuidado para que a água que passa por sua cabeça caia dentro da pequena cuia e a água transborde e caia na tigela no chão apagando o fogo. Um por um dos caminhantes repetem o ritual, os guardiões entoam canções de convocação dos espíritos protetores da floresta. Surgi o guia do caminho trazendo um maracá amarrado a cintura, vestido roupa branca para conduzir todos através da trilha sagrada.
Os caminhantes são orientados a esvaziar restante da água nas cuias com uma das mãos, jogado a água para o alto. Durantes os movimentos para esvaziar as cuias os auxiliares canta a canção Oceanos Suspensos, assim começam a caminhada:

Paisagem a vapores
No céu em movimento
Figuras minerais
Moldadas pelo vento

Ieee, igarapés
Ieee, rios e riachos.

Ouri-ouri, moldadas
Ouri-ouri é do vento o pensamento.
U,u,u,u,u... (musica incidental)

Oceanos suspensos (bis)

Águas de todos os sabores
Orvalhos que molharam flores (bis)
Moldadas pelos ventos
É do vento o pensamento

Surreal em gotículas
Cachos d’gua navegantes
Plumas Belezas liquidas
Gasosas formas mutantes

Repete (2,3)
Que da terra foram ao céu e voltaram ao planeta.
Planeta! (bis) a, a, a, a...


Na primeira parada do caminho tem uma nativa parada em frente a um pequeno casebre. Ela tem nas mãos pequenas bilhas de cabaça contendo suco de frutas naturais, que são entregues aos caminhantes.
Os caminhantes bebem o suco para lembrar que durante a caminhada é preciso está atento para puder extrai o que a natureza tem de melhor, de mais saboroso, de mais doce.
Todos seguem cantando e batendo com os cajados no chão, fazendo os maracás em formato de cabeça de boto de seus cajados vibrarem marcando o compasso da canção. E seguem até chegar no local conhecido como santuário da GRANDE PORONGA.

* Os detalhes ritualístico do caminho tem uma gama de significados simbólicos. Por exemplo, o batismo de água para apaga o fogo na entrada, também está ligada a idéia de renascimento; de começo de uma nova vida, bem como também a idéia de apagar o que consume, o consumo que é simbolizado pelo fogo.
Para os Uiaristas o formato do mapa do estado do Acre é uma representação do instante em que se dá a travessia do portal do fogo do caminho das águas, é o registro do momento em que água é jogada na cabeça do caminhante. Para os Uiarista o mapa do Acre é a visão do caminhante, olhando para a água no momento em que ela sai da cuia do guardião, para batiza-lo.

* Como voce pode notar, a palavra Batismo começa com a letra “B” e ai ela está associada a idéia de renascer, de nascer de novo, de nascer para mãe terra.
Antes de nascer, vivemos no universo liquido no ventre materno, somos peixes. Quando nascemos para o mundo, passamos a ser humano. E a terra, um útero materno ao contrário, e para sobrevivermos dentro dessa nova realidade, desse novo útero precisamos ir até a água. No ritual do Batismo, quando mergulhamos nas águas e emergimos, simbolicamente representa esse renascer na terra, o saír de um novo ventre para uma nova vida, é um ato de reconhecimento da terra como nossa primeira e segunda grande mãe.



A GRANDE PORONGA






Chegamos na grande cabana circular escura, com uma grande poronga erguida no centro, semelhante a um altar ornamentado de cuias e pequenas porongas. Todos sentam ao seu redor. Chegam as nativas trazendo o fogo da tocha sagrada iluminando o ambiente. A luz revela detalhes arquitetônicos escondidos pala escuridão. O guia canta alguns versos que são repetidos por todos :

“Louvai o brilho do sol
Louvai o amanhecer
Louvado dia
Louvai o entardecer”

Ao termino são expostos pensamentos e reflexões sobre que definimos como sombra, luz e o ser.

Obs. No lendário O do Grito do Mapinguary esses pensamentos e reflexões são aprofundados com mais detalhes.

As nativas coroam os caminhantes com as pequenas porongas o fogo da tocha sagrada acende a grande poronga.

*A poronga apagada simboliza a nossa ignorância diante do universo que nos cerca, o caminhar na escuridão dentro da floresta, em meio a riqueza de conhecimentos e saberes naturais existentes nela.

“O caminho das águas é o registro de um instante cósmico lendário grandioso, solidificado pelos nossos imemoriais antepassados, que vai se revelando durante todo percurso. A simplicidade sábia que encontramos é uma prova disso”.

As porongas dos caminhantes são acesas em circulo em frente a grande poronga, dando vida a lendária roda dos contadores de histórias da floresta. Na roda são desenvolvidas histórias coletivas, cada usa a imaginação para complementar narrativa interrompida pelo que está do seu lado.
Em seguida temos as narrativas individuais, o guia e seus auxiliares conta às proezas do jovem líder dos encantados, e expõe narrativas lendológica que dizem respeito a origem do lendário Mapinguary, nos levando a reflexões profundas sobre o tipo de organização sistemática intelectual interativa social em que vivemos. Comentários complementares que dão uma noção do vasto campo sensível que envolve esse componente da nossa cultura popular.

*A poronga acesa, simboliza o humano que vive e caminha na floresta usando a luz da inteligência para descobrir novas coisas, novas maneiras de lidar com as forças naturais, de interagir com elas, resultando numa cultura típica que faz parte da vida dos habitantes das florestas. As contações de histórias, de causos, o fabulendarismo, as narrativas lendologicas dos seres mitos lendários da floresta e etc.
É feita a narrativa do lendário:


O SER MAPINGUARY


”Ao chegarem na pequena aldeia, os aventureiros foram recebidos com uma grande festa, resolveram então passar alguns dias por ali, um deles aproveitou a oportunidade de se aproximar da esposa do jovem líder, e fez para ela a demonstração de como mandar o seu espírito para outro lugar, e fazê-lo falar através de riscos nas superfícies de folhas de arvore. E com a ajuda dos outros aventureiros, demonstrou que também tinha o poder de ouvir os espíritos dos seus amigos através dos riscos na superfície das folhas. Impressionada com a demonstração, a jovem foi até o espelho d’água, onde o jovem líder e os jovens anciões se reuniam diariamente.
Chegando lá, relatou para ele a demonstração de poder que os aventureiros fizeram. O jovem líder ficou curioso. Os anciões reagiram com indiferença e pediram para que líder tivessem cautela com a tal novidade trazida pelos aventureiros. A jovem esposa insistiu para que fosse comprovar o que ela estava dizendo, e acrescentou que os aventureiros estavam dispostos a ensiná-lo obter o curioso poder como forma de agradecimento pela acolhida que tiveram na aldeia.
E mesmo contra a vontade dos anciões, o jovem líder foi ao encontro dos aventureiros, e ficou impressionado, com o poder e manifestou o desejo de aprender ouvir e falar através dos poderes dos riscos na superfície das folhas.
Aos pouco o jovem líder foi dominando o poder de mandar seu espírito falar e a ouvir através das folhas. Os aventureiros aproveitaram o entusiasmo e a dedicação do jovem líder, e foram colocando sutilmente entre as folhas que davam para jovem exercitar seu poder, algumas folhas que tinha o poder de se apossar do espírito do jovem líder. Não demorou para que o líder tivesse o espírito e seus pensamentos manipulados pelos aventureiros, passando a dar a eles total liberdade para viverem e explorarem livremente suas propriedades, sem incomodá-los ou questioná-los quantos aos objetivos das explorações.
O tempo foi passando, o jovem líder foi se distanciando dos encontros com o anciões na face do grande espelho d'água, para evitar discutir com os anciões que insistiam para que afastasse o seu povo do estranho poder trazido pelos aventureiros. Não demorou muito, tudo na aldeia passou a ser feito e organizado através de folhas de arvores riscadas. Um dia o jovem depois de ouvir algumas discursões entre os nativos percebeu que a tribo estava vivendo num estado caótico de troca de informações e convivência sócio interativa, as coisas estavam fugindo ao seu controle, estava perdendo o poder de dirigir seu povo, as folhas riscadas estavam assumindo o seu lugar. Desesperado, o jovem aproveitou a ausência dos aventureiros na aldeia, e foi ao encontro dos anciões na tentativa de encontrar uma maneira de reverter a situação. No encontro, depois de muitas reflexões, os anciões o levaram até a beira do igarapé e o fizeram olhar o rosto no espelho d'água, para ver o que o tal poder tinha feito com ele. O jovem líder constatou que o poder dos riscos na superfície das folhas o tinha deixado enxergando apenas com um olho e quase cego, e que conseqüentemente ele tinha cegado todos de sua tribo com o tal poder.

Desesperado o jovem líder gritou, porem, de sua garganta sai um urro pavoroso que estremeceu toda floresta. Os aventureiros assustados se embrenham nas matas temendo pelo pior. Os anciões fugiram apavorados sem saber o que fazer para acalmá-lo. Mas a mãe das águas, que acompanhava toda estória bem de perto, se compadeceu do sofrimento do jovem, e pediu para que um dos seus lendários encantados o conduzisse ate a grande fonte das vertentes do reino das águas doces, e entregou a ele um *olho d'água.

O jovem voltou à aldeia, trazendo vasos de cabaças contendo água pura, para lavar os olhos do seu povo e livrá-lo da cegueira produzida pelo poder dos riscos nas superfícies da folhas. Aos poucos, todos foram recuperando a visão, e voltando a enxergar o meio natural como ele realmente era.

Na fuga os aventureiros levaram as crianças e a maioria das mulheres, inclusive a jovem esposa. Isso fez com que o jovem líder continuasse enxergando apenas com um olho, e para voltar ao normal, tinha que encontrar sua amada e curá-la. E não tendo outra saída, saiu pela floresta, gritando e assobiando, e esperando a resposta dela. E todo estranho que encontrava no caminho, devorava com os olhos, pois acredita que assim estava defendendo e evitando que sua tribo fosse novamente contaminada. E assim deu origem a um dos mais intrigantes personagens do nosso lendário nativo popular urbano e florestal: “ O Ser Mapinguari.”

*Alguns lendologos argumentam, que o olho, dado ao jovem líder, é o olho do deus Odin, que a mãe das águas recebeu em troca de um gole de água de sabedoria.
Odin, é um deus guerreiro escandinavo, amante das artes e poesias.


COMPLEMENTO ARGUMENTÁRIO DO LENDÁRIO SER MAPINGUARY

O Mapinguari, tem uma considerável quantidade de narrativas e traduções, no que se refere a sua origem. Dentro do contexto lendológico, esses argumentos narrativos são acompanhados por comentários dos lendologos que os compõem, ou de algum outro que tenha entrado em contato com as argumentações compostas. São esses comentários livres, os responsáveis pelas polemizações, aperfeiçoamentos e evolução do que veio a ser aceitavelmente denominado como lendológia.

Vamos aos comentários que acompanham a narrativa do lendário Ser Mapinguary exposta acima.

Essa narrativa argumentaria lendária tem um aspecto nativo urbano bastante acentuado.
Alguns lendologos defendem a tese de que narrativa deu origem aos relatos sobre a existência de “um paraíso perdido pelos seres humanos”. Período em que os nativos influenciados pelos aventureiros passaram a cobrir os corpos com vestimentas confeccionadas com fibras de algodão.
Com o tempo esses detalhes argumentários foram sendo aperfeiçoado, e passaram a ser usado como argumentos doutrinários religiosos específicos, de utilidades comunitárias questionáveis.

Dentro do contexto lendacreano, essa narrativa é tida como fonte da origem de ditos populares e passagens literárias bastante difundidas entre as nossas comunidades nativas, como por exemplo, a conhecida frase, de tendência moralista popular, que sentencia; “ São cegos guiando cegos”; “Olho por olho... “ ; “Em terra de cego que tem um olho é o rei.” e etc.

Existem também os que reclamam a ausência na narrativa de por menores que ampliam significativamente a argumentação, e cobram a inclusão nos relatos a introdução do uso de cascas de determinadas arvores, como valor simbólico de troca monetária. Feitas sob o controle e fiscalização dos aventureiros dentro da grande aldeia.

* Toda peça lendológica autêntica, é acompanhada de fragmentos complementares de sustentação, e em alguns casos de contestação.

Dentro do movimento lendológico florestano da era das águas. Principalmente no que se refere ao Mapinguarismo, tem uma máxima consensual entre os lendologos que diz: “tudo é questionável”.
Um ser mito-lendário, é o registro fragmentado de compromissos de ações comportamentativa e reações emotivas significantes sócio interativas, que auxiliam na organização, resistência e proteção do seres imaginantes nativos e o meio onde se manifesta com suas culturas.

* Para os que adentram o universo lendológico é bom lembrar que para os lendologos existe uma significativa diferença entre seres mitos-lendários e lendas.

As narrativas lendárias normalmente não deixam alicerces suficientemente lógico para que possamos localizar o momento em que ela surgi. Presente, passado e futuro se confundem. É característico trazerem um tom sapiente ancestral, que transparece envolto por um “sistema intuitivo” de auto defesa intelectual nativo, fazendo dos seres mitos-lendários, eternos sobreviventes gloriosos, resistentes a ataques acadêmicos e modismos culturais equivocados.
E’ a parti de uma tradução, compreensão, extração e divulgação de um certo grau de entendimento que se tem das lendas e dos seres mito lendários, que um lendologo se manifesta e identifica outro lendologo. É o que torna possível o reconhecimento e aceitação de seus argumentos narrativos dentro da cultura e do movimento lendológico.

É através das composições dos lendários em linguagem de alcance compreensivo popular, e “intelectual acadêmico superior”, que os lendologos compõem, desenvolvem e divulgam suas propostas, ensaios, justificativas , auto-supremalizações, auto-doutoramento e etc.

Na lendologismo florestano acreano, o termo lendologo, normalmente é usado para definir, o ser imaginante que domina uma personificação significativa oficial, uma das variantes dos seres mitos-lendarianos, entre eles: a grande serpente, mãe d’agua, boto, mapinguari, curupira e etc. e que a parti deles desenvolve seus estudos e compõem seus argumentos narrativos.

Os lendários (argumentos narrativos compostos) que são aceito como instrumento didático pedagógico dos lendologos, tem como característica marcante, sentenças e ganchos gramaticais narrativos estratégicos que servem para desenvolvimento de defesa existencial do lendário, e dos discursos complementares, que vão arrazoando, desenvolvendo e valorizando o conteúdo narrativo, visando sempre a utilização popular.

Dentro do pensar lendológico existem variantes e tendências postulares fundamentais de orientação, pesquisa e desenvolvimento. Entre elas destacam-se:

Variações:
Nativo Florestal

- Iaraismo
- Botoismo
- Mapinguarismo
- Curupiarismo
- Serpentismo (oral, gestual, vibrante)


Obs. As variações acima são aceitas, como variações intermediarias fundamentais argumentarias, do pensamento nativo lendário autônomo amazônico. Mas o numero das variações é bastante amplo. Os acima expostos são que oficialmente definem-se como os basilares para os personificadores lendacreanistas.

Tendências:
Nativo Urbano

- Maracaismo
- Camalionismo
- Sementismo (ortográfico, simbólico)


Para o reconhecimento e oficialização de um argumento lendológico, os lendologos da extensão lendacreanistas estabelecem que as narrativas tenham sempre um tom de contação de história.
Essa orientação, tem a função de mecanismo preventivo de defesa da cultura de contação de historia , bastante popular no meio comunitário florestal e urbano.

A narrativa também deve conter no mínimo 4 (quatro) aspectos expressivos das variações citadas acima. Sendo uma a originadora e três de sustentação.

Essas variações são traduzidas e destacadas em forma de pequenos fragmentos expositivos complementares, que devem acompanhar a narrativa do lendário composto. Por exemplo, na narrativa “O SER MAPINGUARY” do lendologo Nosli Nelc, os fragmentos expositivos complementares de sustentação oficializadora são as seguintes:




Das sustentações:

Iaraismo – (A genitora das águas) Na narrativa está clara o aspecto Iaraista, pois no iaraismo ou uiaraismo, como queiram, estão os personificadores da Mãe das águas, e tem como fundamentos os simbolismos e os pontos significativos que extraem do elemento água, as idéias que nos remete ao principio das coisas, o que dar vida ao nosso planeta no todo da narrativa no aspecto em que o nativo mostra uma reação a uma ação externa, estar presente na defesa de um ponto de vista tribal. Transparecer a consciência de uma psico realidade importada que precisa ser combatida, na intenção do personificador que nas entrelinhas deixa clara essa reação a uma cultura externa. Essas atitudes podem ir de pacifica reformadoras, a reacionárias radicais. Dentro da cultura dialética analóno todo da narrativa no aspecto em que o nativo mostra uma reação a uma ação externa, estar presente na defesa de um ponto de vista tribal. Transparecer a consciência de uma psico realidade importada que precisa ser combatida, na intenção do personificador que nas entrelinhas deixa clara essa reação a uma cultura externa. Essas atitudes podem ir de pacifica reformadoras, a reacionárias radicais. Dentro da cultura dialética analógica lendária, essas personificações tem como principio a defesa do ser imaginante, do seu meio ambiental natural e nativo urbano cultural. Na composição lendária podemos ver uma chamada para reflexão, que nos remete a questão do aculturamento do nativo étnico e urbano florestano e as conseqüências disso no meio ambiental natural e psico-social.


Obs. As exposições acima podem sofrer alterações auxiliares e amplificarem.

Lendologo é o ser que domina a linguagem (simbólica significativa) ancestral dialética analógica lendária nativa; um personificador.gica lendária, essas personificações tem como principio a defesa do ser imaginante, do seu meio ambiental natural e nativo urbano cultural. Na composição lendária podemos ver uma chamada para reflexão, que nos remete a questão do aculturamento do nativo étnico e urbano florestano e as conseqüências disso no meio ambiental natural e psico-social.


Obs. As exposições acima podem sofrer alterações auxiliares e amplificarem.

Lendologo é o ser que domina a linguagem (simbólica significativa) ancestral dialética analógica lendária nativa; um personificador.e etc. E a argumentação tem esse aspecto, ao narra o nascimento do ser mapinguary, a sua origem, ou seja, dar vida a ele.

Botoismo – (O peixe encantado que se transforma em gente) O Bôto está ligado a idéia de transformação e está presente na narrativa, no que se refere a mudança de realidade ambiental. Esse aspecto está evidenciado na transformação socio tribal provocada pelo poder dos risco na superfice das folhas. No instante em que o líder toma consciência de que os riscos estão ocupando seu lugar e posteriormente na ação de lavar os olhos dos nativos para que voltem a realidade tribal anterior.


Curupiarismo -(Tem os pés virados para trás e costuma fazer os caçadores se perderem dentro da mata.) – Os pés invertidos do(a) curupira está presente na ação dos aventureiro ao fazerem o jovem seguir numa direção indicada por eles mas que nao levaria a outro lugar esses rastros estão representados nos riscos na superfície das folhas, que indicam um direção a seguir, mas que no final se revela o oposto, fazendo com que jovem líder perca o controle administrativo da tribo.

Serpentismo –( Encanta e atrai suas presas e as devora) A serpente está presente em toda e qualquer narrativa, é o símbolo da onda; do vibrante etéreo; das sonoridades, é através destes atributos que entramos em contato com os fatos narrados. Ela é o ser intermediador das comunicações, a condutora das narrativas. O seu poder de atração e encantamento está presente na narrativa no instante em que a jovem esposa e o jovem lider são seduzidos pela lábia dos aventureiros, que os atraem, os encantam e os devoram com o poder do risco nas superfícies das folhas.


Originadora:

Mapinguarismo – ( Um ser antropofágico que tem um olho na testa e a boca na barriga) Está presente no todo da narrativa no aspecto em que o nativo mostra uma reação a uma ação externa, estar presente na defesa de um ponto de vista tribal. Transparecer a consciência de uma psico realidade importada que precisa ser combatida, na intenção do personificador que nas entrelinhas deixa clara essa reação a uma cultura externa. Essas atitudes podem ir de pacifica reformadoras, a reacionárias radicais. Dentro da cultura dialética analógica lendária, essas personificações tem como principio a defesa do ser imaginante, do seu meio ambiental natural e nativo urbano cultural. Na composição lendária podemos ver uma chamada para reflexão, que nos remete a questão do aculturamento do nativo étnico e urbano florestano e as conseqüências disso no meio ambiental natural e psico-social.


Obs. As exposições acima podem sofrer alterações auxiliares e amplificarem.

Lendologo é o ser que domina a linguagem (simbólica significativa) ancestral dialética analógica lendária nativa; um personificador. verdade o levaria a outro lugar esses rastros estão representados nos riscos na superfície das folhas, que indicam um direção a seguir, mas que no final se revela o oposto, fazendo com que jovem líder perca o controle administrativo da tribo.

Serpentismo –( Encanta e atrai suas presas e as devora) A serpente está presente em toda e qualquer narrativa, é o símbolo da onda; do vibrante etéreo; das sonoridades, é através destes atributos que entramos em contato com os fatos narrados. Ela é o ser intermediador das comunicações, a condutora das narrativas. O seu poder de atração e encantamento está presente na narrativa no instante em que a jovem esposa e o jovem lider são seduzidos pela lábia dos aventureiros, que os atraem, os encantam e os devoram com o poder do risco nas superfícies das folhas.


Originadora:

Mapinguarismo – ( Um ser antropofágico que tem um olho na testa e a boca na barriga) Está presente no todo da narrativa no aspecto em que o nativo mostra uma reação a uma ação externa, estar presente na defesa de um ponto de vista tribal. Transparecer a consciência de uma psico realidade importada que precisa ser combatida, na intenção do personificador que nas entrelinhas deixa clara essa reação a uma cultura externa. Essas atitudes podem ir de pacifica reformadoras, a reacionárias radicais. Dentro da cultura dialética analógica lendária, essas personificações tem como principio a defesa do ser imaginante, do seu meio ambiental natural e nativo urbano cultural. Na composição lendária podemos ver uma chamada para reflexão, que nos remete a questão do aculturamento do nativo étnico e urbano florestano e as conseqüências disso no meio ambiental natural e psico-social.


Obs. As exposições acima podem sofrer alterações auxiliares e amplificarem.

Lendologo é o ser que domina a linguagem (simbólica significativa) ancestral dialética analógica lendária nativa; um personificador.



O GRANDE MARACÁ

Enquanto caminham todos são orientados a colher as sementes que estão pelo caminho até chegar numa imensa cabana estilo indígena que tem um globo terrestre encima de uma coluna de mais ou menos um metro e meio de altura, a estrutura lembra um grande maracá. Do lado do sol poente jorra uma vertente de água limpa transparente, rodeada por um altar feito de meias cuias de cabaça.
O guia entoa uma canção de evocação a mãe natureza. Uma nativa representando a mãe natureza entra na cabana e retira a parte superior do globo, na parte inferior contem salada de frutas adocicada com mel. Com uma concha de cabaça a nativa serve a salada aos caminhantes.
Todos seguem até a vertente para lavar as cuias. O guia pede para que procurem entre as meias cuias que estão exposta no altar ao redor do globo, uma cuia que se encaixe a cuia que trazem nas mãos. Encontrada as partes correspondentes, o guia pede que depositem nas cuias, as sementes que recolheram pelo caminho.
Nesse ritual as sementes representam os sentimentos humanos, todos são orientados a retirarem das cuias as sementes que representem os sentimentos que achem que não são benéficos aos seres humanos e as coloque nas cuias que trouxeram e as joguem na água corrente. E seguida pede para cada um por um pouco de água nas mãos e deixe gotejar encima das boas sementes que ficaram nas cuias do altar. E com ligas coloridas de envira e látex, unem as suas duas meias cuias, dando forma aos seus maracás sentimentais particulares.

Obs. As sementes são depositadas aleatoriamente ou ritualísticamente dentro do maracá.

“Uma mudança de estrutura ou troca de uma semente no interior do Maracá é o suficiente para mudar todas estruturas no cosmo. "

O MARACÁ - Uma das traduções conhecida para a palavra MARACÁ, é de origem indígena e vem do estado de Recife, que quer dizer "a pedra que fala". É o conhecido instrumento musical ritualístico indígena utilizado pelos pagés, xamãs, ayuasqueiros, músicos populares e etc. Os ayuasqueiros costumam construir o MARACÁ com a estrutura superior feita com um lata metálica produzidas pelas industria de leite e outros laticínios. Dentro do contexto do milênio das águas do lendários Rio Branco, esse instrumento é peça de fundamental importância estrutural argumentária. Vamos encontra-lo sendo utilizado pelo Rei de MARACÁ " personagem e grande anfitrião dos “LENDÁRIOS NATIVOS FESTEIROS FLORESTANOS" . Também conhecido, como rei da aldeia dos contadores de historias da floresta.
No caminho sagrado da floresta, o MARACÁ é um livro sagrado nativo, herdado ancestral imemorial, com função iniciática, ajudando o nativo entender o que vem a ser o ser, o centraliza dentro do contexto celeste em que vive, proporcionado pelo sugestionamento a auto supremalização, o seu auto-compreender como imagem e semelhança do criador de todas as coisas perceptíveis. Como vimos no começo desses manuscritos.

AO MOVER O MARACÁ, AS SEMENTES EM ATRITO com a casca do fruto da cabaça, produz uma matéria vibrante, que cientificismo define como SOM. Ou seja, do CAOS existente no interior da esfera, no momento da inércia do instrumento, surgi uma energia harmônica perceptível ao mivimenta-lo, do caos sai a harmonia. Esse evento característico é o que torna analógicamente possível o acesso a compreensão do todo perceptível bio-visualmente. Pois o que vivenciamos é o resultado de micro partículas vibrantes em choques gerando infindas formas palpáveis. Como dizem alguns lendologos, tudo é o som de um gigantesco e cósmico MARACÁ. O nativo com um maracá na mão, ao faze-lo vibrar, passa a ser uma representação simbólica dos fenômenos que deu vida ao todo existente. ou seja, é um DEUS num instante primordial passado, presente e futuro.

Como dizem os maracazeiros:

“Podemos nos ver como seres diferentes bio-esteticamente, assim como as diferentes sementes no interior do maracá. Mas assim como acontece com o maracá, podemos soar como uma magnifica e harmoniosamente musica planetária”.

“A terra é a cabaça, e as árvores os sons das sementes contidas no seu interior”.

O principio da incerteza quântica vagueia na duvida se tudo que percebemos é onda ou é partícula, com o maracá podemos chegar a algumas conclusões que pode nos ajudar compreender melhor esse pensamento. Dizem os estudiosos desse assunto que a duvida surgi quando captamos a onda perdemos a partícula, e quando captamos a partícula perdemos a ondas, dai a incerteza se tudo é onda e partícula ou onda e partícula, mas onde termina uma e começa a outra? Olhando para um rio podemos ver um banzeiro de água em movimento, ou vê um porção de partícula de Hidrogênio e oxigênio em movimento.
Boa parte da complexidade que envolve essa especulação é amenizada pelo o imaginante lendológico maracazeiro que entende que:

- O MARACÁ PARADO REPRESENTA A PARTÍCULA - Masculino
- O SOM PRODUZIDO É A ONDA – A criatura
- O QUÂNTICO É O MARACAZEIRO; O MOVIMENTADOR. - Feminino; o ser produtor.

O guia bate três vezes com o cajado no chão, consagrando o solo. Com esse ato ele está dizendo que ali está o principio o meio e o fim; tudo que tem esse aspecto trino, uma representação do sagrado.
É entregue um texto que tem um título em forma piramidal. Esse detalhe do título é uma das coisas caracterizar uma autentica composição lendária, pois envolver tudo que esteja ligado ao objeto da personificação, no caso a forma piramidal está associado a idéia de onda crescente; de um grito que surgi e se eterniza, representado pelo “O” de onde ele sai e vai se amplificando, diversificando e ficando contido em todas essas variações. Esses detalhes são torna um lendário brilhante, único, incomparável. É por força desse perfeccionismo estrutural que se eternizam as autenticas composição lendária, ganhando o status de autônomo, escapando de uma identificável autoria. Antes de ler esse lendário todos são avisados que ninguém é obrigado a ler uma composição lendária, a decisão fica a critério de cada um. O Lendário “O do Grito do Mapinguary” é um instante lendológico fabulendário do ser mito lendariano isolado E amplificado em sentido e significados que vão além do grito propriamente dito.


O

DO

GRITO

MAPINGUARIANO


O grito do ser Mapinguary na grota do espelho d’gua, é simbolicamente, a reação característica da consciência do nativo que desperta para realidade meio ambiental cultural distorcida em que vive.
O local onde é dado o simbólico primeiro grito, ganha diferentes contornos e detalhes ambientais, que traduz o momento lendológico escolhido para ser vivenciado pelo LENDOLOGO personificador.

Um dos argumentos lendário que expõem detalhamentos desse ambiente, diz o seguinte:

“Na grota úmida do espelho d’gua, reina o silencio natural. Os anciões usam como meio de comunicação, pequenos gestos vibrantes simbólicos significativos, que podem serem definidos como; gestual telepático, extra-sensorial e etc."

Devido a essa hipersensibilidade do todo contextual cósmico espacial atemporal Lendológico em que ela está inserida, a sonoridade vocal raramente é usada no ambiente. É muito comum nas narrativas, principalmente dentro do movimento Lendacreano no inicio do “novo século” que reorienta-se pelos seres lendários da era das águas, a citação desta localidade lendológica, pesquisadas e estudada com os zelos dos princípios que orientam, principalmente os personificadores mapinguarianos. Dizem eles:

“Interferir na harmonia do lugar, significa interferir de alguma forma na harmonia cultural dos aldeados, e conseqüentemente na rotina da comunidade.”


Existem trechos que traduzem um ponto de vista testemunhal imemorial do significativo grito do ser mapinguari, por exemplo :

“...O grito do jovem líder no espelho d’água, provocou um imenso clarão, que aos pouco foi se desfazendo em pontos brilhantes, que seguiram em todas as direções celestes da grota. Veio a escuridão, e com ela, um frio que congelou tudo que foi alcançado pelas vibrações.”

Em algumas notificações lendológicas encontramos informações, que jovens anciões lendários escaparam do grande congelamento primordial mapinguariano, por estarem mergulhados nas águas mornas do espelho sagrado, seguindo as orientações estruturais ancestrais contidas nos sábios herdados tribais preservados, para os exercícios contemplativos das personificações aquáticas lendárias, no instante em que o grito se deu. Alguns ficaram com metade do corpo fora das águas, outros tentaram mergulhar rapidamente para se protegerem das vibrações congelantes, mas a parte inferior de suas corporificações lendárias foram alcançadas pelas vibrações, ficando parte humanos, parte ser lendário personificado. Dando origem a uma infinidade de novas estruturas personificáveis.

“Jovens anciões conseguiram salva pequenos olhos d’água da fabulosa jóia nativa do lendário reino das águas, e graças a esses olhos d'água conseguiram sobreviver e transitar na dimensão congelada depois de passada as vibrações congelantes. Mas a gotícula primordial do rio lendário ficou congelada na parte superior da grota, e assim eles ficaram ali ansiosos esperando o descongelamento, para que o lendário rio de água viva voltasse a correr trazendo os conhecimentos e os saberes lendológicos de todas as tribos; de todas as eras...”

Segue a baixo uma das observações feita pelo compositor da narrativa lendária acima:

“Graças a gotícula salva pelo seres lendários no estágios aquáticos, as narrativas lendológicas voltaram a se manifestarem nos precisos instantes sagrados eternos seqüenciados, ativando o pensar do imaginante no estágio libertário, lógico, e compreensível dentro do contexto psico-racionalista em que naufragou o pensar imaginante nativo libertário florestano lendário.”

Muitos personificadores mapinguaristas afirmam, que o grito do ser mapinguari nativo florestal, é o que mais tarde veio a ser traduzido como “verbo” iniciador primordial das bio-formalidades genéticas e das minerais vibratômicas perceptíveis e imperceptíveis bio-visualmente.

Outros traduzem o grito como sendo a demarcação do instante em que o ser imaginante se egocentraliza e influencia o seu redor, ou tomando consciência do poder de reagir as influencias do universo externo o qual vivencia e interage.

“No silêncio nos igualamos de alguma forma”.

A explosão de luz que fragmentou-se em pontos brilhantes dentro da grota, trazendo em seguida a escuridão, é um argumento bastante utilizado pelos mapinguaristas, nas defesas das origens ligadas ao Mapinguarismo.

O silêncio presente na narrativa, também representa simbolicamente os seres da aldeia em estado contemplativo interno de aprendizado e comunicação, utilizando ações gestuais e musicais como meio interativo de comunicação tribal. Nesse ponto, a chegada da escuridão dentro da grota pode ser traduzida como o arrependimento, o reconhecimento da ignorância, que faz parte do percurso, e da rotina da aldeia, presente na entrelinhas do fragmento lendário O SER MAPINGUARY, mais precisamente no intervalo em que se dá os exercícios interativo do jovem líder com os aventureiros, isso cria um novo universo de interpretação, nos acorda para algo novo, dentro das possibilidades reais de forma e interpretações do que vivenciamos, algo que bem característico nas variações do Mapinguarianas. E que se dá num instante que é nem passado, nem presente e pode ser ou não o futuro, que é quando entra para o plano do fantástico, maravilhoso, extraordinário e etc.

“O silencio e a escuridão tem aspectos manifestativos semelhantes. Na escuridão olhando do plano bio-visual, todas as coisas são iguais. No silêncio da verbalização oral, olhando do plano bio-auditivo, podemos afirma que somos todos iguais estando num mesmo ambiente contextual. Ou seja, somos só seres humano quando silenciamos nossa consciência e as nossas psico-realidades interiores, para o ambiente externo.”

“Quando reagimos ou expomos verbalmente o que pensamos, nos diferenciamos dos outros; expomos nossos contornos intelectuais individuais; destacamos-nos como individualidade; particularizamo-nos; tornamos visíveis os nossos contrastes sentimentais emotivadores. E assim como a luz que ao invadir a escuridão, revela detalhes e formas que ainda não eram bio-visualmente perceptíveis. Temos o nosso momento de Deus. É na oratória, que os nossos aspectos singulares complementares de caráter e personalidade, condicionados historicamente, se destacam comunitariamente”.

O som, assim como a luz que invade a escuridão da grota úmida, acentua pormenores do que existe no local; detalhamentos que só assim podem ser identificados. Que é a essência do manifestante lendológico. Isso arrazoa a existência de outras máximas mapinguaristas que dizem:

“A palavra (o som, o verbo) é a luz do silêncio.” Ou “O silêncio é o contexto cósmico passivo que dá a possibilidade da palavra existir, e vice e versa.”
“Ao vibrarmos, nos tornamos perceptíveis ao externo; nos fazemos luz ao exterior.”
Dentro do Mapinguarismo também encontramos algumas decodificações quanto a nomenclatura MAPINGUARI que merecem destaques. Normalmente essas decodificações nomenclaturais seguem um padrão de associações de significados, aparentemente isolados que vão se complementando, algo que tem origem nos personificadores Sementistas:
“A letra ‘M’, que a primeira letra na nomenclatura Mapinguari, simbolizar a onda no universo esotérico; o vibracional manifesto gráfico simbolicamente representado, é o vibrante que torna-se palpável, contactável e imperceptível bio-visualmente. Nisso o seu significado se assemelha em características, aos Seres Mito Lendários Nativos Florestais Acreanos, as essas estruturas lendológicas que aqui denominamos como: Mãe das Água, Bôto, Mapinguary, Curupira e etc. Sem a vibração verbal, o ser mito lendário é algo latente, vibrante; onírico, mas comprovadamente sólido, com uma essência imaginante estrutural culturalmente resistente.
Com a verbalização da nomenclatura Mapinguari, condensamos a principio, o intuitivo ancestral formal compressivo, que é representado simbolicamente na letra “M”. É assim que o ser lendário se manifesta, transita e sobrevive personificado nas narrativas nativas rurais e urbanas. É através da vibração do boca a boca; dos contadores de histórias da floresta. É através da atividade sonora vocal cultural nativa florestal da contação de história que eles ganham vida. E dentro do contexto lendológico, “ganhar vida”, esta associada ao ser liquido, a água.
A palavra Água como já vimos, tem no seu inicio a letra ‘A’, que é a primeira representação geométrica sonora do alfabeto que é um conjunto de variados símbolos geométricos, que utilizamos para traduzir as sonoridades verbais, graficamente. A letra ‘A’ é o que dá vida; que possibilita a primeira silaba do nome ‘MA’PINGUARI.

Como dizem os Uiaristas; A Água, no seu aspecto visível transparente color e incolor, é uma parente próxima da vibração etérea e onírica formal que estrutura os seres lendários, que os condensa vibrantemente, que os fazem seres oníricos imortais, sobrevivente atemporal, extra-sensórios; é o que os traz a luz da consciência do ser imaginante criativo e ilimitado que somos. O ‘A’ no seu aspecto geométrico, é tido como a representação do primeiro degrau da torre das sustentações fonéticas lingüísticas humanas congeladas. Na letra “A”, podemos ver o primeiro degrau de uma escada que segue em direção ao infinito. Bem como também, um triângulo suspenso por duas colunas.
A palavra “ARTE” que começa com a letra “A” esta associada a capacidade criativa; o imaginante criante se externando sem um limite preestabelecido.
Como dizem os lendologos:

“Somos imaginantes, e não racionalizantes”.

"Pessoas com acentuada atividade criativa tem mais disponibilidade de material subliminar dentro do campo externo perceptível. Torna os objetos em acontecimentos artísticos, os isola dos acontecimentos da vida , das rotineiras associações nas quais rotineiramente se apresentam a maioria das pessoas. Por isso termo Lendológia pode parecer estranho. "

A letra “m” minúscula, desde a antiguidade é tida como símbolo das ondulações na superfície da água, por isso é usada como representação simbólica oficial do signo do zodíaco AQUÁRIO. E esse “MA” no inicio da palavra MAPINGUARI, dá a esse ser lendário o status de ser lendário da era das águas doces das florestas. Não é por acaso que ele é considerado uma das grandes vedetes da linguagem cósmica dialética lendária nativa florestal dentro e velho e sempre novo tempo, pois foi estruturado para exercer está função.

O “M.A.” no contexto lendário da nova era, é traduzido como as letras iniciais de “Milênio das Águas” ; “Movimento das Águas” ; “ Milênio de Aquário” e etc.

O ‘M’ dentro do lendarismo, também simboliza a onda; a vibração que torna possível a percepção de algo inalcançável bio-visualmente. O ser Mapinguari depende da verbalização, da sonoridade oral para se fazer perceptível oniricamente. O que faz com que o seu compositor narrativo lendário se assemelhe a um deus onipotente manifesto, o criando e através da oralidade, e narrativamente o acompanhado, dando vida e narrando suas ações.
A letra “P” de PINGUARY, representa o Principio gerados pelo “MA” , o Palpável a parti dele, a PERCEPÇÃO, a consciência de algo e a ‘P’ercepção, disto na prática. É a parti do movimento da águas que nos dá vida, que chegamos a esse Principio, ao Ponto iniciador, que pode ser traduzido como o movimento que começa com um Pingo d’água. Como dizem os Uiaristas:

“Quem mora no fundo da água, a ultima coisa que vai descobrir é que existe água.”

Nesse caso “P” representa essa Percepção, que está ligada ao invisível vibrante, simbolicamente representado pelo “m” minúsculo, e o físico palpável representado pela letra “A” de Água. É o espírito do entendimento do imaginante, flutuando sobre as águas que vai dá inicio a criação, Ou seja, sobre a origem da vida na terra por intermédio dele. Quanto a esse pensamento do ser flutuando sobre as águas no principio de tudo, e que se relacionam ao primordial grito do ser mapinguary está clara uma posições Uiaristas, e por falar em uiaristas temos algumas afirmações bastante polêmicas desta extensão no que diz respeito a parte que chamamos de crosta terrestre, vejamos:

“A crosta terrestre é o grande meteoro que se chocou com o nosso globo líquido, e precisa ser extraído para que as vibrações harmônicas do nosso imensurável compreender volte a se estabilizar e nos harmonizar como grupo”.

É dos IARAISTAS essas palavras: “Um Igarapé; um rio; um dilúvio, começa com um pingo d’água.”

O “P” de PINGO seguindo da palavra ARY. A palavra ARY tem origem hebraica, e significa o mesmo que o rei das selvas, o que faz com que dentro desta abordagem lendológica, esses fragmentos silábicos sejam traduzidos, como o pingo d’água que deu inicio o movimento do império das águas doces na floresta, “o pingo d’gua rei das selvas.” que tem variações na sua escrita, como por exemplo, PIN'AGUARY.
Não é por acaso que um PINGO D’ÁGUA seja o símbolo oficial de LENDOLÓGIA. O pingo é uma das muitas chaves de acesso e introdução ao pensamento nativo florestal dialético compreensivo universal lendológico. (...)

A letra “I” dentro desse contexto decodificativo esta ligada a ‘i’ara, a Mãe das Águas; aquela que deu origem a água, e que portanto tornou possível a vida em nosso planeta. E nesse aspecto o “I” está relacionado ao instante em que o ser busca resposta do porque da vida; de quais os propósitos da existência; qual a razão das coisas serem da forma como se apresentam. A palavra Mapinguary também pode ser escrito com “Y”, já esse sinal alfabético está ligado a uma grande variedade de significados, mais acentuadamente aos relacionados aos lendários festeiros das águas da região amazônica. Podemos encontra-lo no caminho grafosimbolico do aperiódico Ouryçom, o rito tribal florestano, que tem variações como a LENDA POP FESTA que acontece no final da caminhada do lendário caminho das águas doces.
No contexto Mapinguariano existe uma grande diversidade de traduções simbólicas lendárias. Entre elas vamos encontrar os famosos acrósticos. Que nos revelam uma outra realidade embutida nas variadas forma de escrever a palavra MAPINGUARY, MAPINGOARY, MAPINGUARI E ETC. Todas elas com razão de ser como são.

Na próxima parada do caminho, o guia narra lendas muito interessantes, que vem preencher alguns vazios no que alguns definem como inconsciente, entre elas a lenda das malocas e dos cocas indígenas. Que fazem parte de série de contos nativos conhecidos como AS HISTÓRIAS MÁGICAS DO REI DE MARACÁ:


A LENDA DAS MALOCAS

Há muito tempo atrás, os índios viviam como uma grande família no meio da floresta, ali encontravam que precisavam para sobreviver, eram felizes, costumavam fazer festas nos período de floração e frutificação das arvores. Porem, nos dias de chuva e ventos fortes, essa realidade mudava, era um corre-corre geral todos buscando um lugar para se proteger dos pingos da chuva. Isso causava alguns transtornos para os nativos que viviam buscando uma forma de solucionar esse problema. O tempo passou, até que num belo dia de primavera, nasceu Araiu, um curumim muito esperto e brincalhão, que adorava imitar os cantos dos passarinhos. Os passarinhos gostavam muito do índiozinho Araiu, Quando passava os dias de chuvas Araiu costumava caminhar pela floresta examinando as árvores para vê se os ninhos de seus amigos estavam em seus lugares. E foi depois de um desses dias chuvosos, que Araiu saiu para examinar as árvores, que se deparou com um ninhozinho no chão, virado de cabeça pra baixo, e como de costume abaixou-se e com muito cuidado o desvirou. Para o seu alivio, o ninhozinho estava vazio, mas o local onde o ninhozinho estava o solo estava seco. Curioso, Araiu passou um bom tempo ali observando aquele detalhe inusitado, e pensou então ; "Se eu fosse do tamanho de um passarinho, nos dias de chuva podia ficar debaixo de um ninhozinho, e me proteger dos pingos da chuva e dos ventos frios que vem depois dela”. Araiu achou a idéia muito engraçada e começou a ri, depois pegou o ninhozinho com cuidado e o trepou na arvore. Voltou pra casa cantando de felicidade, pois achava que tinha encontrado uma idéia para solucionar os problemas que os dias de chuva causavam a sua tribo. Foi direto fala com o grande chefe. O chefe olhou meio desconfiado para o índiozinho, e sem muita empolgação pediu que Araiu explicasse a idéia para acabar com o sofrimento da tribo nos dias de chuva. Araiu então disse:

Reúna todos os índios e mande irem procurar da grande árvore onde mora o grande pássaro que nos dias de chuva abana as asas tangendo as nuvens para cima da aldeia.
Pra que? Pergunto o chefe.
Para eles subirem na árvore e derrubam o grande ninho e vira-lo de cabeça pra baixo, pois quando a chuva chegar todo podem se esconder debaixo e ficar protegidos dos pingo da chuva.

Por alguns instantes o grande chefe ficou olhando em silencio para o índiozinho Araiu, tentando imaginar de onde o curumim tinha tirado aquela idéia, em seguida deu uma gostosa gargalhada, e mandou o índiozinho tira aquela idéia da maluca da cabeça e fosse brincar com os outro curumins, pois essa história de pássaros gigantes era coisa do espírito do velho índio da floresta que costumava soprar essas histórias maluca no ouvido das crianças que brincam sozinhas na mata. Araiu muito triste, logo todos ficaram sabendo da história, Araiu passou a ser o centro das brincadeiras dos nativos, todos riam dele. Mas ele tinha um amiguinho chamado Otob que foi o único que não riu da sua idéia, e prontificou em ajuda-lo a procurar o grande ninho.
Como era de costume na grande tribo, antes de saírem para uma caçada ou uma colheita, os nativos iam até o espelho rio ouvir os conselhos do espírito das águas. Os curumins caminharam para beira do rio, chegando lá, sentaram no barranco e pediram para que o espírito do rio mostrasse a direção em que deveriam seguir para encontrar a morada do grande pássaro. O tempo foi passando, e nada de ouvir o espírito. Resolveram então chegar mais perto das águas, e já cansados passaram a observa as borboletas que voavam na beira do barranco, algumas se alimentavam do solo, outras se alimentavam nas coisas flores bonita que brotavam das arvores. Araiu começou a sonhar pensando como seria bom se soubesse voar, ele ia visitar as arvores, principalmente as floridas, ia puder alcançar os galhos mais altos e colher as frutas madurinhas para saborear. Ia procurar uma grande árvore de galhos bem fortes e construir um ninho bem bonito para ele morar. Cansado os dois curumins resolveram voltar para a tribo. No caminho de volta Otôb perguntou o que espírito do velho do rio tinha falado para o Araiu. Araiu contou o sonho que teve quando olhava para as borboletas. Otôb ouviu e ficou maravilhado, e disse que também tinha sonhado que era um pássaro, e contou para Araiu, os dois seguiram pelo meio da mata sorrindo, cantando e balançando o braço imitando passarinhos voando, até chegarem na aldeia.
Chegando lá, foram logo dormi, e Araiu novamente sonhou que era um pássaro e que voava por cima da floresta até chegar numa lugar muito bonito, onde tinha uma frondosa árvore e nela construía um grande ninho, depois o jogava o ninho no chão e o ninho caia virado de cabeça pra baixo, produzindo um estrondo, que todos os índios da floresta corriam até para ver. Araiu acordou assustado, o dia estava nascendo. Foi chamar seu amigo Otob, e disse a ele sabia o que tinham que fazer, eles não iam procura a grande arvore com o grande ninho, eles iam procura a maior arvore que tivesse ali por perto e contruiriam o grande ninho, como tinha sonhado. E assim saíram pela floresta até encontrar uma árvore bem grande, e começaram então a construção do pequeno grande ninho. Apesar do esforço, logo descobriram que não era tão simples organizar cipós, folhas e galhos de uma maneira que ficassem bem firmes. Depois de varias dias sem sucesso, resolveram então observar os pássaros, e aprender como eles faziam para trançar os gravetos para ficar bem firmes e seguros. Finalmente aprenderam à lição e retomaram a construção do grande ninho.
Os nativos notavam a estranha movimentação dos curumins, e ficavam tentando entender o que Araiu e Otob estavam fazendo com tantos cipós e pedaços de galhos de árvore. Os dias passaram e o grande ninho ficou pronto, tinha um tamanho que cabia os dois curumins dentro. Os nativos diziam que os curumins estavam sendo possuído pelo espírito do velho índio do rio, e que mais cedo ou mais tarde a mãe das águas iam leva-los para o fundo do rio, assim como levou o velho índio.
Veio então um dia em que o vento das asas do grande pássaro empurrou as nuvens de chuva pra cima da tribo. Araiu e Otob correram para a grande árvore. Alguns índios curiosos foram ver o que dois iam fazer. Os pingos começaram cair, os dois subiram na arvore e jogaram o grande ninho, O grande ninho caiu no chão virado de cabeça pra baixo, mas com impacto ficou todo torto. Meio desorientados os curumins buscaram uma maneira de conserta-lo. Os pingos foram se intensificando, e os dois começaram a gira entorno do grande ninho procurando uma forma de entrarem, mas na hora da construção não pensaram que seria preciso fazer uma entrada. Os nativos que assistiam a cena, começaram a ri, e partiram para dentro da floresta buscando lugar para se protegerem da chuva.
Passado o vendaval, os nativos voltaram para grande clareira. Os que chegavam iam deixando uma pedrinha no centro da clareira, pois assim sabiam quem tinha voltado ou quem estava faltando.
No final da contagem das pedrinhas, faltavam duas. Era as pedrinhas de Otob e Araiu. Todos então saíram à procura dos curumins, rodaram por todos os cantos e nada, e já estavam desistindo, quando alguém teve a idéia de ir procura-los na árvore onde eles tinham construído o grande ninho. Chegando lá vasculharam tudo e nem sinal dos curumins. Já estavam achando que a mãe das águas os tinha levado para o fundo do rio, quando alguém então resolveu verificar debaixo do pequeno grande ninho, olhou por um fresta entre os galhos e então viu os dois curumins dormindo, tranqüilos como se nada estivesse acontecido, o nativo foi correndo avisa ao grande chefe, todos correram para ver onde os curumins estavam escondidos. Foi um alvoroço geral, todo queriam ver os curumins enxutos deitado debaixo do ninho, os índiozinhos acordaram assustados, a confusão foi tão grande que os nativos findaram por quebrar todo o ninho. Araiu e Otob choraram muito. O grande chefe chamou todos para uma grande reunião, e disse que o espírito da floresta tinha falado com a grande aldeia através dos curumins, mostrando para eles uma maneira de amenizar o sofrimento nos dias de chuva, e que ia ajuda-los também protegerem-se do calor da grande bola de fogo que passava no céu clareando o dia.

Muitas luas se passaram. Todos os dias os nativos saiam a procura de uma grande árvore para construir o grande ninho. E novamente Araiu e Otob tiveram a idéia de construir o grande ninho no chão da clareira no meio da floresta, ouve muita discussão, mas por fim o grande ninho foi construído. E os dois curumins passaram a ser chamados de pequenos grandes chefes debaixo do grande ninho.

O tempo foi passando e a tribo aumentando, e eram frequentes as brigas por um espaço debaixo do grande ninho. Araiu estava crescido e se sentia culpado pelas brigas debaixo do grande ninho, e um belo dia saiu para observar os passarinhos na esperança de novamente encontrar uma solução que ajudasse sua tribo. E observando as pequenas aves, percebeu que cada casal de passarinho construía seu próprio ninho. Feliz da vida ele voltou para aldeia e pelo caminho foi recolhendo penas coloridas que ia encontrando pelo chão, fez uma tira de envira e as amarrou em forma de circulo na cabeça, para se sentir como um pássaro. Ao verem Araiu chegar debaixo do grande ninho com as penas coloridas presa na cabeça, foi uma gargalhada geral. Araiu falou para todos que o espírito da floresta tinha falado com ele novamente, e que tinha chegado o momento de todos os índios viverem como pássaros, cada família teria que construir o seu próprio grande ninho.
A parti desse dia acabaram as briga debaixo do grande ninho. Cada grupo escolhia os mais próximos, e construíam seus grandes ninhos particulares em lugares diferentes espalhados pela floresta. Quando os novos curumins atingiam a maturidade, a tribo fazia uma grande festa e entregavam a eles um circulo de pena para usarem na cabeça, e acompanhados dos velhos eles iam construir os seus próprios ninhos, para viverem com uma nativa que eles escolhiam. E até hoje, andando pela floresta ainda encontramos grandes ninhos de cabeça pra baixo abrigando grandes famílias.

"A natureza ajuda quem ajuda dela."



Nessa caminhada, chegamos numa cabana com o formato de uma grande flor, rodeada por belos jardins circulares que lembram fontes jorrando. Entramos e seguimos até onde estavam expostos pequeno frasco feitos de latéx, contendo uma variedade de perfumes e essências extraídas da floresta. Cada um escolhe a fragrâncias que lhe agrada, retira o frasco e sai em direção a um pequeno coreto em frente a cabana. É feita uma homenagem ao rei dos beija-flores. É feito a iniciação dos caçadores de beija-flores da aldeia dos contadores de histórias floresta. Um ritual em que utilizam pequenas peças artesanais feita com sementes e penas coloridas, que seguindo uma ordem de movimentos associados com os sentimentos do manipulador, faz com que as peças ganhem significados elevados, e como num passe de mágica ganham formatos de pequenos beija-flores que ficam presos pelo bico na mão do manipulador.
O Guia entrega pequenos potes feitos de borrachas contendo mel de abelha em colares feitos de fibras vegetais. Os auxiliares cantam musicas exaltando a paz e o amor. Surgi o espirito das flores e nos conduz ao jardim onde é narrada A Lenda do Reino dos Beija-flores.
Obs. A lenda do reino dos beija-flores” é uma dessas histórias que transcender o autor e a própria história em si. Está ao alcance da compreensão de adultos e crianças. Nos leva as mais variadas reflexões, depende para isso, do grau intelectual de quem a ouve. Com certeza todos já ouviram essa Lenda sendo contada de alguma forma. Talvez com outros personagens. Mas a mensagem permanece a mesma: “O amor puro e sincero pelos nossos semelhantes tem uma força transformadora poderosa. Alguns podem até paralisá-la por algum tempo, mas detê-la, jamais”.
Essa lenda voce pode ler no www.clenilsonbatista.zip.net