terça-feira, 8 de janeiro de 2008

- O CAMINHO SAGRADO (O SER MAPINGUARI)


Neste ponto do caminho entramos em contato com as narrativas lendologicas, e podemos perceber uma nova forma de utilização da figura dos seres mito-lendários florestano. A narrativa abaixo tem aspecto interessantes, que nos levam a reflexões profundas, e faz-se necessário comentários complementares para que o ouvinte tenha noção do campo em que está adentrando, esses comentários serão feitos nas próximas postagens. Agora vamos a uma intrigante narrativa que fala da origem do SER MAPINGUARI que está dentro do contexto conhecido lendologico.( Muitos creditam que o termo lendológia é uma herança da civilização INCA)

Ao chegarem na pequena aldeia, resolveram passar alguns dias por ali, e um deles, aproveitou a oportunidade de se aproximar da esposa do jovem líder, e fez para ela uma demonstração, de como mandar o seu espírito para outro lugar, e fazê-lo falar através de riscos nas superfice de folhas de arvore.
E com a ajuda dos outros aventureiros, demonstrou que também tinha o poder de ouvir os espíritos de seus amigos que chegavam até ele através de riscos na superfice das folhas. Impressionada com a demonstração, a jovem foi até o espelho d’agua, onde o lider e os jovens anciões da tribo se reuniam diariamente. Chegando lá relatou para esposo, a demonstração de poder que os aventureiros fizeram. O que deixou o jovem bastante curioso. Os anciões reagiram com indiferença o relato da jovem esposa do lider, e pediram para que o jovem tivesse cautela. Mas a jovem esposa insistiu para que o esposo fosse comprovar o que ela estava dizendo, acrescentando que os aventureiros se mostraram dispostos a ensiná-lo como obter o curioso poder de mandar o espírito falar através de riscos nas superfice de folhas, como uma forma de agradecê-los pela acolhida que tiveram em sua aldeia..
E mesmo contra a vontade dos anciões, o jovem lider foi até onde estavam os aventureiros. e ficou impressionado, com o tal poder dos aventureiros e manifestou o desejo de aprender ouvir e falar através dos poderes dos riscos na superfice das folhas.
Pouco a pouco, o jovem lider foi dominando o poder de mandar seu espírito falar e a ouvir através das folhas. e os aventureiros, aproveitando o entusiasmo e dedicação do jovem lider, foram colocando sultimente entre as folhas, que davam para ele exercitar o seu poder, algumas folhas que tinha o poder de se apossar do espírito do jovem lider, e não demorou muito para que o lider tivesse o seu espírito e seus pensamentos manipulados pelos aventureiros, passando a dar a eles total liberdade para viverem, explorarem e transitarem livremente por suas propriedades, sem incomodá-los ou questioná-los quantos aos objetivos destas explorações.
aos pouco o jovem lider foi deixando de ir aos encontros diários no grande espelho d’agua, para evitar discutir com os jovens anciões, que insistiam para que afastasse o seu povo do estranho poder trazido pelos aventureiros. Mas o jovem lider não dava ouvidos.
E pouco a pouco, tudo na aldeia passou ser feito e organizado através de folhas de arvores riscadas, e assim foi, até o jovem lider perceber que a sua tribo estava entrado num estado caótico de troca de informações e convivência sócio interativa, que estava perdendo, quase que totalmente o poder de dirigir seu povo. As folhas riscadas estavam assumindo o seu lugar. um dia, ele aproveitou a ausência dos aventureiros na sua aldeia, e foi ao encontro dos anciões no espelho d’agua, na tentativa de reverter a situação. No encontro, depois de muitas reflexões, os anciões o levaram até a beira do igarapé e o fizeram olhar o seu rosto no espelho d’gua, para que ele podesse ver o que o tal poder tinha feito com ele. Foi quando ele se deu conta de que o tal poder dos riscos na superfice das folhas tinha o deixado enxergando apenas com um olho e quase cego, e que consequentemente ele estava cegado todos de sua tribo com estranho poder .
Ao vê a imagem refletida nas águas, o jovem lider gritou desesperado, porem, de sua garganta sai um urro pavoroso que estremeceu toda floresta. Os aventureiros assustados se embrenham nas matas temendo pelo pior. Os anciões fugiram apavorados sem saber o que fazer para acalmá-lo.
Mas a mãe das águas, que acompanhava toda estória bem de perto, se compadeceu do seu sofrimento do jovem lider, e pediu para que um dos seus seres lendários encantados fosse ate onde ele estava e o conduzisse ate a grande fonte das vertentes do reino das águas doces, e ali entregou a ele um olho d’agua.

(alguns lendologos argumentam, que o olho, dado ao jovem lider, é o olho do deus Odin, que a mãe das águas recebeu dele, em troca de um gole de agua da sabedoria.)
* odin, deus guerreiro escandinavo, amante das artes e poesias

O jovem volta à aldeia, trazendo vasos de cabaças contendo olhos de águas puras, para lavar os olhos do seu povo e livrá-lo da cegueira produzida pelo poder dos riscos nas superfícies da folhas, aos poucos, todos vão recuperando a visão, e voltando a enxergarem o meio natural em que vivem, como ele realmente é’.
Porem, quando os aventureiros fugiram, levaram as crianças e a maioria das mulheres de sua tribo, inclusive a sua jovem esposa. e isso fez com que o jovem lider continuasse enxergando apenas com um olho, e para voltar ao normal, ele tinha que encontrar a sua amada e curá-la. e não tendo outra saída, ele então sai pela floresta a sua procura, gritando e assobiando, e esperando por sua resposta. e todo estranho que vai encontrando em seu caminho, ele devora com os olhos, pois acredita que assim esta defendendo e evitando que sua tribo possa ser contaminada por ele. Dando origem, assim, a uma dos mais intrigantes personagem do nosso lendário nativo popular urbano florestano: “ O Ser Mapinguari.”

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